20.2.17

SEMINÁRIO "NOVOS ESTUDOS SOBRE A REENCARNAÇÃO" NA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA


Espíritas de Belo Horizonte e redondezas, que não puderam estar no seminário Novos Estudos sobre a Reencarnação, na AECX, têm agora a oportunidade de participar de uma nova edição do mesmo, na União Espírita Mineira.

Além dos expositores do primeiro seminário, contamos com o médico Eric Ávila Pires, um dos autores do livro que originou o seminário, apresentando de forma compreensiva dos estudos do psiquiatra Ian Stevenson, um dos pesquisadores que trabalhou com "memória espontânea de crianças", uma das metodologias aceitas de pesquisa, que gerou grande número de artigos em periódicos indexados e livros, além de consolidar uma linha de pesquisa que continuou após o falecimento de seu criador.

Haverá oportunidade para adquirir o livro publicado em 2016 pela Liga de Pesquisadores do Espiritismo e para colher autógrafos dos autores presentes.

As inscrições são gratuitas, mas as vagas são limitadas. Inscreva-se pela internet, no endereço divulgado no cartaz e seja bem-vindo.


18.2.17

DOLORES BACELAR E O RISHI




O Correio Fraterno, jornal espírita de São Bernardo do Campo, está comemorando 50 anos de publicações com um número no qual homenageia a médium Dolores Bacelar.

Vez por outra citamos os livros que esta médium psicografou no Espiritismo Comentado. Dolores evitava a exposição pessoal, o que pode explicar, em parte, o pouco conhecimento de seus livros pelos espíritas, hoje.

Izabel Vitusso recuperou mais alguns episódios da vida de Dolores Bacelar na sua matéria no Correio. Um deles lembrou-me Yvonne A. Pereira. Dolores foi tida como morta após um de seus partos, saindo do estado inconsciente no qual se encontrava apenas no necrotério, na presença do seu "marido-quase-viúvo" e de uma vela de cabeceira. 

Entre os diversos espíritos que se comunicavam através da pena de Dolores Bacelar, sempre me impressionou o que se identificou como "um jardineiro" e que sempre achei semelhante ao Tagore psicografado por Divaldo Franco. Sua literatura de pequenos contos difere muito da que lemos na obra de Chico Xavier e do pouco de literatura brasileira que conheço.

Um de seus personagens centrais é um “rishi” (“alguém que alcança além do mundo físico através do conhecimento espiritual”. Os rishis teriam escrito os Vedas). Ele fala à alma do leitor com o apoio de imagens da natureza e de interações pontuais entre homens (como se lê no diálogo entre o rei e o jardineiro, p. 67).

Apesar das raízes indiana, o jardineiro flerta com os valores e imagens cristãs. Há um belíssimo texto no livro intitulado “O rouxinol e a lágrima” (p. 51)

Relendo os pequenos textos, que ficam entre a poesia e a prosa, encontrei outras imagens muito usadas nos evangelhos, como as sandálias, as sementes (usadas como símbolo das virtudes), os representantes das riquezas e poderes, como os reis, as pessoas simples, de profissões manuais, como um oleiro. Talvez seja principalmente nos valores que são discutidos nestas pequenas obras meio reflexivas e meio visuais que se encontra a conexão entre a estética oriental e as virtudes cristãs.

Recomendo a todos os leitores do Espiritismo Comentado a provarem deste néctar, sob a forma de pequenos textos.

3.2.17

JUANA DE LA CRUZ E O CONHECIMENTO

Juana Inés de La Cruz

Influenciado pela série sobre Juana de la Cruz, da Netflix, decidi ler alguns de seus poemas que comprei há mais de uma década. Tenho o volume 1 das Obras Completas, intitulado “Lírica Personal”. Um dos primeiros poemas trata do conhecimento, para minha surpresa.

Juana trata uma questão muito curiosa: o saber como vício. Ela fala de pessoas que vivem em busca do saber e pouco produzem com ele. Faz belas imagens em seu poema, como a dos campos floridos:
“Em amenidad inútil,
¿qué importa al florido campo,
Si no halla fruto el Otoño,
Que ostente flores el Mayo?”

Ela se indaga acima qual é a importância de um campo florir-se todo em maio, se não trouxer frutas no outono.

Creio que o raciocínio é muito semelhante a uma história que me foi ditada pelo Conselheiro, chamada “Os evangelhos de João Ângelo”, que cria um personagem que dedica a vida a pesquisar a interpretação dos textos evangélicos e negligencia seu próprio filho, em casa, não percebendo os sinais de socorro que ele lhe endereça.
Não creio que Juana, erudita como era, se ponha contra a aquisição do conhecimento, mas contra o vício de conhecer por conhecer, de acumular informações e teorias sem ser capaz de dar sentido à realidade ou, como diria Kardec, em ter conhecimento sem desenvolver sabedoria.