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16.6.21

SUELY NOS ANTECEDE NA "GRANDE VIAGEM"



Suely Caldas Schubert aos 16 anos

Conheci a Suely na década de 80, em um evento sobre mediunidade no qual ela falava junto com Hermínio Miranda e Jorge Andréa. Suely me impressionou pelo conhecimento que tinha da obra de André Luiz.

Os anos se passaram e a encontrei diversas vezes. Nos livros dela que tenho em casa encontrei muitos e muitos autógrafos. Em um destes encontros, surpreendi-me porque ela tinha lido o artigo que publiquei na revista O Médium, de Juiz de Fora – MG, sobre “Os Possessos de Morzine”, um fenômeno social curioso que Allan Kardec havia acompanhado e sobre o qual publicou na Revista Espírita. 

Estudamos livros dela em nossa reunião mediúnica. Suely lia muito, então estava sempre construindo os textos a partir de autores importantes do espiritismo. Sua linguagem sempre foi muito acessível e, por isso mesmo, acho que os livros dela sempre atingiam um grande público.

Suely ficava hospedada na casa de um amigo muito querido, quando vinha a Belo Horizonte. Ele a consultou sobre a possibilidade de fazermos uma entrevista para o Espiritismo Comentado, e ela não respondeu, nem que sim, nem que não. Eu pensei em desistir e meu amigo insistiu que fosse assim mesmo. Acho que ela estava bastante cansada, e me explicou assertivamente que não poderia dar a entrevista, mas ficamos juntos, meu amigo, sua família, a Suely e a Consolação.


Da esquerda para a direita: Divaldo Franco, Suely e Nestor Massoti (FEB)

A prosa mineira é sempre boa, e Suely começou a recordar e a falar de suas memórias no meio espírita. As visitas à FEB, há muitos anos, nas quais ela estudava documentos e livros. Talvez dessa época tenha surgido o material para se escrever o livro “Testemunhos de Chico Xavier”, no qual ela resgata e comenta a correspondência do Chico com o Wantuil de Freitas, principalmente, então presidente da federação. Graças à dedicação dela, hoje temos acesso à relação entre o médium e a instituição que lhe publicava os livros e as mensagens, o que possibilita um entendimento histórico mais fundamentado e descarta muitas das fantasias que se ergueram ao redor do médium de Pedro Leopoldo.

Suely se recordou também de suas idas à Mansão do Caminho, sempre com carinho em torno da pessoa de Divaldo Franco. Falou de sua participação nas reuniões mediúnicas, o que um ou outro fotógrafo já registraram em belas imagens.

Foi uma bela noite, mas pena que não tive o ensejo de anotar, logo após a conversa. Passados os anos, só me ficaram essas pequenas recordações. 


Da esquerda para a direita: Divaldo Franco, Chico Xavier e Suely C. Schubert

Depois nos encontramos pessoalmente mais algumas vezes e a Suely participou da Semana de Chico Xavier em abril de 2021. Dessa vez, graças à tecnologia, sua fala foi preservada e disponibilizada a quem desejar ouvi-la, mercê da TV Célia Xavier. Nessa palestra ela adiantou o último livro que já estava prestes a sair, e que foi lançado na data programada, no dia 13 de maio.

https://www.youtube.com/watch?v=l2H3zRJu-qA

Suely era natural da cidade de Carangola, onde reencarnou no mesmo ano que minha mãe, em 9 de dezembro de 1938.

Deixei para o final a má notícia. Algumas semanas após essa palestra, Suely foi diagnosticada com COVID 19. Ela havia tomado uma dose da vacina Astrazeneca, mas desenvolveu um quadro da doença que se agravou em função das comorbidades que ela tinha, como uma doença cardíaca grave, segundo me informou a família. A COVID 19 não se desenvolveu de forma intensa, mas Suely foi internada e não conseguiu vencer essa batalha. Ela foi chamada para o mundo espiritual, do qual tanto tratou em suas palestras infindas e em seus escritos, no dia 12 de maio de 2021. 

As homenagens e notas brotaram em todo o Brasil. Federativas e casas espíritas agradeceram as contribuições dadas por ela por décadas. Nos agradecimentos, alcunharam-na “a dama da mediunidade”.

Deixo ao leitor os principais livros de Suely, listados por ano de copyright:


Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas - 1981

Testemunhos de Chico Xavier - 1986

Ante os Tempos Novos (parceria com Divaldo Pereira Franco) – 1996

O Semeador de Estrelas - 1989

Mediunidade e Obsessão em Crianças - 1995

Mediunidade: Caminho Para Ser Feliz – 1999

Visão Espírita Para o Terceiro Milênio - 2001

Transtornos Mentais: Uma Leitura Espírita - 2001

Entrevistando Allan Kardec - 2004

Mediunidade no Ar - 2004

Dimensões Espirituais do Centro Espírita - 2006

Os Poderes da Mente - 2008

Mentes Interconectadas e a Lei da Atração – 2010

Nas Fronteiras da Nova Era - 2013

Divaldo Franco: Uma Vida Com os Espíritos - 2017

Chico Xavier e Emmanuel: Dores e Glórias – 2021


8.6.21

AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DE DIVALDO FRANCO GERA DISCUSSÃO EM REVISTA INTERNACIONAL SOBRE PSICOSE E EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

 

Divaldo Franco

Pesquisadores brasileiros da área de psiquiatria fizeram uma avaliação do médium Divaldo P. Franco e uma revisão de literatura  e publicaram suas conclusões na revista Journal of Nervous and Mental Disease, em junho de 2021, na coluna Brief Report.

Quem desejar ler o trabalho irá encontrar em The Journal of Nervous and Mental Disease • Volume 209, Number 6, June 2021, e o DOI: 10.1097/NMD.0000000000001290

Abaixo o Dr Alexander, um dos autores, faz uma síntese da parte de avaliação psiquiátrica para a TV Nupes:





"Este é o primeiro estudo a descrever um caso de uma pessoa com múltiplos, frequentes e persistentes experiências do tipo psicótico (alucinações auditivas, visuais, sensoriais e olfativas; inserções de pensamentos; e experiências de controle externo) e diversas experiências espirituais ou do tipo dissociativo (xenoglossia, fenômeno de transe dissociativo, memórias de vidas passadas) que continuou estável por 90 anos, nunca sendo tratado por esses sintomas, e permaneceu bem, cognitivamente e afetivamente, tendo recentemente um comprometimento cognitivo leve e um transtorno depressivo leve." (página 451)

Os autores defendem a existência de uma experiência não patológica e sugerem seis critérios (a serem mais estudados) para a distinção de casos com psicopatologia.


22.10.20

CINCO ESPÍRITOS ESCREVEM POR DOIS MÉDIUNS: CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO




Tem uns livros que compramos e lemos imediatamente, sem perder o fôlego. Há outros que nos chamam a atenção ao ponto de adquirirmos, mas que vão ficando na estante da biblioteca por muito e muito tempo, até que um dia surge a motivação inesperada para ler.

Tal é o caso do interessante “E o amor continua”, organizado por Nilson de Souza Pereira, amigo de Divaldo Franco, mas composto de mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, além de depoimentos das famílias e identificação de algumas das informações objetivas fornecidas pelos espíritos desencarnados, como nomes de parentes citados, eventos, datas, informações sobre a desencarnação, etc.

O livro tem outras curiosidades. Ele documenta a visita de Divaldo Franco ao Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, em 15 de maio de 1982 (quando fez palestra, enquanto Chico Xavier psicografava e psicografou uma das mensagens do livro) e comentando o evangelho no culto de assistência aos necessitados (em 29/07/1981), na mesma instituição. Ele documenta que Chico acolheu e trabalhou conjuntamente com Divaldo Franco já nos anos 1980, em Uberaba-MG.

Outra coisa que me chamou a atenção no livro, foi o que fizemos no último Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo: uma coletânea que nos mostra o mesmo espírito se comunicando por dois médiuns diferentes, no caso, dirigindo-se à família. As mensagens, sempre acompanhadas dos comentários e informações das famílias, que às vezes explicam não conhecer Divaldo, fornecem redações de seus afetos comunicantes ainda encarnados, tornam o livro ainda mais rico, embora contenha apenas as comunicações de cinco espíritos; seis, se compararmos também as mensagens de capa ditadas por Bezerra de Menezes aos dois médiuns, que foi publicada com forma de letra escrita à mão.

Chamou-me a atenção o “sotaque mediúnico” dos dois médiuns. Falta-me o conhecimento que seria próprio da área de letras para explicar, mas há algo no texto dos diferentes espíritos psicografado pelo Chico que me faz, como leitor, dizer: há a mão de Chico Xavier por detrás dos ditados, e o mesmo acontece com Divaldo Franco. A linguagem dos médiuns, por mais que façam um esforço de anulação da sua personalidade para serem mais fiéis ao ditado dos espíritos, trazem algumas de suas características. Talvez, se embaralhássemos as mensagens e as entregássemos a um leitor que conhece bem os estilos dos dois médiuns, ele fosse capaz de identificar, pelas singularidades de cada um, quem foi o escritor do ditado do além. 

Independente das singularidades ou idiossincrasias mediúnicas, as famílias reconhecem seus afetos que se foram, identificam os nomes de outros familiares (ou, às vezes, são surpreendidos com familiares já esquecidos aqui, mas ainda atenciosos no mundo espiritual com seus parentes).

O título parece sugerir um duplo significado: fala da continuidade do amor das pessoas que desencarnaram por seus afetos que continuam jornadeando no mundo, mas também sugere o amor entre Chico Xavier e Divaldo Franco, apesar das turbulências do passado, coisa muito comum na trajetória dos relacionamentos humanos.

Não sei se o livro teve uma segunda edição (na verdade, ao pesquisar a capa, encontrei-o disponível como e-book), nem se está esgotado ou se é de fácil acesso aos que se interessarem por ele, mas se tiverem acesso a ele, não percam a oportunidade de conferi-lo por si mesmos.


3.10.19

IMPRESSÕES DO FILME DIVALDO, O MENSAGEIRO DA PAZ


Ana Franco: mãe de Divaldo



Domingo à tarde e fui com minha esposa assistir ao filme Divaldo, o mensageiro da paz.

Depois de ter assistido o “Allan Kardec”, que entre fatos e fakes ficou com muitos “não é bem assim”, o Divaldo está bem próximo das histórias da própria vida que ele sempre nos contou, ao longo de anos de palestras e conferências.

O roteirista optou por contar a infância, a descoberta da mediunidade, as obsessões espirituais e a construção da Mansão do Caminho.

No domingo à tarde o público não era muito grande no cinema. Devia ter um terço ou um quarto da sala de exibições, mas as reações ao filme entregavam a filiação religiosa dos presentes. A história correu entre risos e lágrimas, e ao final, mais lágrimas que risos. As pessoas presentes aspiravam suas lágrimas, e os sons aconteciam em todos os espaços da sala de projeções.

O filme fala discretamente do suicídio de Nair Franco. O cineasta conseguiu fazer uma espécie de presença seguida de ausência, e da apreensão dos familiares seguida da dor. Ana Franco é a grande personagem da trama, na minha opinião, mais impressionante que o próprio Divaldo.

A ruptura dela com a comunidade católica em que se achava bem inserida, em função da antiga visão da igreja sobre o suicídio, talvez um pouco elaborada em termos do seu discurso, é um grande momento do filme. A busca pelo tratamento do filho, mesmo desgostando seu marido, em uma época na qual o patriarcalismo ainda era uma instituição forte, também me marcou.

O filme é cheio de mulheres fortes e admiráveis, mulheres capazes de enfrentar seu tempo, a ordem vigente, em favor de um ente querido, uma pessoa amada. Mulheres inteligentes, capazes de argumentar e explicar com elegância suas posições. Mulheres que amam, e que são capazes de oferecer sua capacidade de amar em favor de encarnados e desencarnados. Mulheres simples, sem a alta escolaridade comum ao nosso meio espírita de hoje, mas capazes de ações pragmáticas e corajosas. Mulheres como Joanna de Ângelis, companheira-mestra do médium, orientadora nas horas de dúvida, assertiva nas horas de sofrimento. Eu admiro essas mulheres. Entendo porque Lynn Sharp e outras historiadoras contemporâneas entreviram no movimento espírita uma forma de emancipação e expressão social das mulheres.

Eu não conhecia Laura. Sabia dos problemas de Divaldo e da presença de uma espírita em seu favor, mas não tinha ideia da dimensão da importância dela para ele. Foi uma espécie de anjo da guarda encarnado.

Não sei se foi a intenção da direção, mas não dá para não comparar os primeiros trabalhos do Divaldo, com os primeiros trabalhos do Chico. Os dois são pessoas naturalmente estudiosas, interessadas na doutrina, convivendo com pessoas que viviam sua participação na casa espírita como uma atividade, muitas vezes sem o mínimo conhecimento necessário.

Nos dois se vê o compromisso com a caridade material, que dizia Kardec, começando com o pouco, quase nada, quase inútil, da distribuição de alimento e se tornando aos poucos um trabalho de impacto em um número enorme de pessoas. Escolas, ensino de música, profissionalização, adoção, apoio à maternidade com parto natural, editora, e muitas e muitas iniciativas que vão nascendo ao redor do que foi uma cesta de alimentos. Um trabalho que seria mais responsabilidade do Estado que de uma associação de voluntários.

Quando saía da sala, uma pessoa me reconheceu. Perguntou se eu era filho do José Mário Sampaio e se apresentou como alguém que participou das suas reuniões de estudo sobre mediunidade na União Espírita Mineira. Ele era leitor do Espiritismo Comentado e me incentivou:

- Quero ver suas impressões sobre o filme!

Uma amiga me enviou um e-mail. Ela estava no Shopping em uma tarde de calor e tempo seco, e resolveu assistir a um filme para usufruir também do ar condicionado. Viu o nosso filme em cartaz, e não sei porque resolveu assisti-lo em meio aos outros. Acho que ela se emocionou como nós e ficou intrigada com o líder espírita (palavras dela) e sua mensagem.

Assim o filme vai cumprindo seu papel, como folhas ao vento dizia um amigo espiritual. Não se sabe onde vai parar, quem vai assistir, como vai percorrer sua trajetória incerta, mas se sabe que vai encontrar muitos em seu voo irregular. O filme não transformará as pessoas em espíritas, nem é esse seu objetivo, mas sensibilizará as pessoas ao bem e ao amor. É uma história, dirão alguns, mas é uma história boa de se contar e melhor ainda de se ouvir.

2.9.18

HANSENÍASE, OBSESSÃO E CARIDADE


Lesões de hanseníase. O Brasil ainda é o segundo país com o maior número de doentes do mundo. A hanseníase já foi erradicada em muitos países.


Estamos terminando a leitura do livro “Nos bastidores da obsessão”, que faz uma espécie de “raio x” de uma história de obsessão de uma família, ligada em reencarnações passadas por laços de ódio, decepção e amor. O livro foi escrito por Manoel Philomeno de Miranda (Espírito) e psicografado por Divaldo Pereira Franco.

Nos romances espíritas em geral, é sempre difícil distinguir a fronteira entre o real e o imaginário, o que deve ter acontecido para o preenchimento de lacunas para manter a narrativa e torná-la interessante. 

Diversas situações nos chamaram a atenção nesse livro, mas uma das passagens que nos impressiona está no capítulo 15. Miranda vai falando de uma jovem chamada Ana Maria, que se encontrava em um leprosário. A história tem cena em 1938, uma época em que não havia tratamento para o bacilo de Hansen, cujo tratamento efetivo iniciou-se na década de 40.

O “tratamento”, portanto, era de isolamento dos doentes da sociedade para evitar contágio, e o que se usava eram paliativos. Se eu não estiver errado, até hoje o diagnóstico é feito a partir de sintomas e biópsia, o que dificulta a identificação antes do surgimento das lesões da pele. A cobertura com a vacina BCG, que começou a ser usada em 1927 no Brasil, dá alguma proteção contra a doença. A partir de 1962, apenas, a internação compulsória foi abandonada no Brasil e hoje é tratada em hospital geral, com poliquimioterapia, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde.

No livro, Miranda participa de um processo de desobsessão de Ana Maria. Os espíritos envolvidos no processo foram atendidos e convencidos a interromper sua influência. Como em outros casos já relatados na literatura espírita, houve remissão dos sintomas que foram diagnosticados como lepra.

O que nos chamou a atenção foi a participação de Petitinga na história. Ele acompanhou a desobsessão durante o sono, como narra Philomeno, obviamente sem se recordar do que se fazia após acordar.

Philomeno diz que em uma reunião mediúnica, após a desobsessão, os espíritos pedem a Petitinga que visite Ana Maria no isolamento em que se encontrava. Ele precisou usar influências políticas para quebrar o isolamento, e ainda assim foi proibido de visitá-la regularmente. Quando conseguiu acesso, constatou o desaparecimento das lesões e usou novamente sua influência para que ela fosse novamente avaliada por médicos, conseguindo sua alta. Petitinga não fez apenas isso. Ele conseguiu a colocação da mulher em um trabalho no qual os empregadores sabiam de sua história passada, o que é ainda mais admirável àquela época na qual só se sabia que o mal de Hansen era uma doença contagiosa e da qual se devia manter distância.

Teria sido um diagnóstico errado que levou Ana Maria ao isolamento? Não importa. Este artigo foi escrito para destacar o papel de Petitinga na história. Algum de nós se envolveria no resgate de um hanseniano, vivendo naquela época, ante um pedido espiritual em reunião mediúnica, de uma pessoa que desconhecia? Usaria sua rede de conhecimentos para recolocá-lo na sociedade? Esse é o grande fenômeno espírita: a caridade entre os homens.

4.8.18

VICTOR HUGO: UM MESMO AUTOR EM "PÁRIAS EM REDENÇÃO" E "OS MISERÁVEIS"?

Outro autor de trabalho do 14 Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo é o bacharel em linguística e literatura colombiano, J. Mário N. Sáenz. No seu trabalho, ele compara, usando métodos da chamada "análise sociocrítica", a obra de um autor conhecido, Victor Hugo, especialmente em seu livro "Os miseráveis", com o livro "Párias em redenção", psicografado por Divaldo Franco e atribuído ao mesmo autor.

Apesar de não termos o autor no nosso evento, teremos seu capítulo no livro "A sobrevivência da alma em foco", escrito em espanhol, para os interessados. Veja abaixo o resumo do capítulo.




J. Mário N. Sáenz



"A Doutrina Espírita e seu codificador, Allan Kardec, asseveram que a melhor de todas as provas de identidade se funda na linguagem e nas circunstâncias fortuitas. Contudo, por acaso a linguagem não pode ser manipulada por espíritos enganadores para fingir o que não são? É claro que sim. Da mesma forma que entre os homens, os discursos se manipulam no que se refere à linguagem articulada conformada por signos linguísticos, o que chamamos de língua. Todavia, a linguagem também está formada por outros signos, semióticos, que geralmente se expressam de maneira espontânea, mostrando toda nossa essência no que dizemos ou enunciamos. Por isso, não é possível manter imposturas permanentes, pois em qualquer momento ou de qualquer maneira nos colocaremos a descoberto. Assim, diversos estudos da linguagem têm sido realizados  para conhecer a complexidade humana através de seus discursos. Esses métodos, sustentamos, podem ser aplicados entre a humanidade desencarnada e suas comunicações, sobretudo as escritas. Mas, não só se trata de descobrir ou evitar a mistificação, também, de examinar minuciosamente as estruturas profundas da linguagem para aproveitar todos os acontecimentos da prática mediúnica a partir da linguagem como ferramenta de identificação ou compreensão para todos os casos. Como proposta, realizamos um estudo comparativo da linguagem das obras em questão, aplicando o enfoque sociocrítico em três dimensões: literária, semiótica e social."

14.10.16

A COMUNICAÇÃO DE BEZERRA DE MENEZES NO 8o. CONGRESSO ESPÍRITA MUNDIAL



Um leitor do Espiritismo Comentado me pediu que publicasse a comunicação de Bezerra de Menezes que foi citada no texto do Paulo Mourinha, publicado ontem. Graças à gentileza e presteza do amigo de Portugal, estamos publicando hoje esta transcrição.

Para quem quiser ver mais fotos, vídeo conferências ou áudio conferências, a organização do evento disponibilizou, gentil e gratuitamente, no link abaixo:


Comunicação de Bezerra de Menezes por Divaldo Franco (Transcrição de Paulo Mourinha)

"Deveremos converter-nos em chamas vivas, para que nunca mais, haja escuridão na Terra. É necessário que o nosso amor se transforme, em ESPERANÇA e ALEGRIA.

Há tanta DOR esperando por nós. Tantas lágrimas a enxugar. Tanto sofrimento que temos vergonha de ser felizes. ESPÍRITAS MEUS FILHOS transformai as lições profundas da CODIFICAÇÃO ESPIRITA numa diretriz de segurança para encontrardes a plenitude. Nós, aqueles que atravessamos o portal de cinza e de lama de que se constitui o corpo. Voltamos para dizer-vos: AMAI A VIDA EM TODAS AS SUAS EXPRESSÕES. PORFIAI NO BEM E CREDE, CRISTO VIVE. A MORTE, É NADA MAIS QUE A TRANSFORMAÇÃO DE MOLÉCULAS QUE VOLTAM A QUÍMICA ORIGINAL DO SUBSOLO, PARA NOVAS CONJUGAÇÕES ATÔMICAS.

O Amor, à luz da Caridade, é o maior tesouro que podemos carregar. Onde estejais, que brilhe a luz do Senhor, e que todos saibam, que sois irmãos uns dos outros, diferindo a verbalização idiomática. O nascimento do solo, o endereço, mais uma só pátria...A PÁTRIA DA FRATERNIDADE. Uni-vos, porque unidos no amor sois uma força indestrutível, mas, separados, sereis vencidos pelas próprias paixões e procurai levar sem temor a mensagem de vida eterna. Não tendes mais as arenas, nem as cruzes, nem os empalamentos, nem as fogueiras, mas tendes as paixões eternas a vencer.

Os Espíritos espíritas deste Congresso em nome de Léon Denis que patrocina este evento a nível mundial, suplica a Deus que, a todos, nos abençoe e nos guarde em muita paz.

O Servidor humílimo e paternal de sempre. Bezerra"

17.2.16

FILME POLONÊS "BODY" CITA DIVALDO FRANCO

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A Rede Boa Nova está divulgando este filme polonês que trata de luto e mediunidade. Se você estiver em São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre, está em cartaz. 

Agradeço a dica à Regina K. Duarte.

Filme polonês “Body” cita Divaldo Franco | Jornal Nova Era: Longa que retrata o espiritismo prossegue em cartaz em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

25.4.15

O DIVALDO DE ANA LANDI




A jornalista e historiadora Ana Landi acaba de publicar o livro “Divaldo Franco: a trajetória de um dos maiores médiuns de todos os tempos”, pela editora Bella. Recebi a notícia de primeira mão, pelo confrade Washington Fernandes, que estava feliz com a venda do pré-lançamento, cerca de 40 mil livros.

O livro é delicioso de ler, mercê do lado jornalístico de Ana. Ela não fez um texto linear, mas um texto que, embora siga a linha da vida de Divaldo, vai e volta no tempo, detalhando situações que ela vai narrando. Ao ler, eu parecia estar ouvindo o próprio Divaldo, que já vi contar pessoalmente um grande número dos eventos biográficos escolhidos pela autora.

Apesar do interesse pelo Divaldo-médium, o que mais me tocou foi a preocupação de se mostrar sua dimensão humana e o alcance de sua obra. As histórias de Divaldo são quase inacreditáveis, se eu não o tivesse conhecido pessoalmente e visto um pouco de suas faculdades e qualidades.

A mais grata surpresa do livro não foi o texto fluente e magnético, nem as fotos muito bem escolhidas de diferentes momentos da vida do médium, assim como de algumas de suas psicografias. Foi a extensa narrativa sobre a relação de Divaldo com Chico Xavier, outro personagem que conheci em vida, embora muito rapidamente, e cujos amigos, livros e espíritos estão muito presentes na minha história pessoal como espírita.

Para quem conhece um pouco da história do espiritismo, o texto traz uma surpresa após a outra, dada a quantidade de personagens espíritas que aparecem na vida do baiano, oriundos do mundo físico e do mundo espiritual.
A Mansão do Caminho vai sendo construída, passo a passo, aos olhos do leitor. É uma espécie de patrimônio coletivo, porque tem as mãos e a generosidade de um número enorme de pessoas e instituições, que geralmente contribuem e passam. A mão amiga de Nilson está presente o tempo todo, fazendo justiça àquele que foi o esteio para que Divaldo pudesse realizar sua missão como expositor e psicógrafo.

O livro emociona, faz rir e chorar, assim como o próprio Divaldo. Ana não trabalhou como historiadora, uma vez que posso até estar errado, mas penso que o médium baiano insere “o seu tempero” nas histórias, já que são contadas para um público que o escuta por uma hora ou mais. Ganham um tom humorístico, mesmo em situações claramente dramáticas. Ela foi uma bela médium do médium, transmitindo a história que ele escolheu contar para todos nós.


O livro não foge dos temas polêmicos que envolveram a vida de Divaldo, e que tanto impactaram na terra de Chico Xavier, de onde escrevo a vocês. Não vou falar muito, para que fique aquela dúvida intrigante que faz com que o leitor desta história resolva adquirir, ajudando a obra social do médium (os direitos autorais foram cedidos) e embeber-se do texto.

23.2.15

DIVALDO NO FANTÁSTICO



Considero muito feliz o trabalho da equipe de reportagem do Fantástico com o Divaldo Franco. Para quem não conhece (se é que algum leitor deste blog não conhece o Divaldo), ele é um orador espírita, médium baiano, com uma obra social admirável.

Após uma entrevista rápida com o Divaldo e algumas cenas envolvendo a prática mediúnica, mostrou-se a Mansão do Caminho, que já mostramos antes no Espiritismo Comentado (http://espiritismocomentado.blogspot.com.br/search?q=mansão),

Foi muito feliz mostrar a comunidade do Pau da Lima, e a relação dos excluídos com o trabalho do Divaldo. Encontrar pessoas que foram adotados por ele ou estudaram na Mansão, com suas profissões, décadas depois da infância, é algo que toca e incentiva quem quer que esteja buscando fazer um trabalho de inclusão social.


No link abaixo você tem a matéria e a transcrição da entrevista com Divaldo.

http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/02/principal-medium-do-pais-psicografa-diante-das-cameras-do-fantastico.html

31.10.13

CAMINHOS DA MANSÃO



São quatro as instituições de ensino infantil na Mansão. A creche Manjedoura, para crianças de 0/3 anos, o Jardim de Infância Esperança para crianças de 3/4 anos, a Escola Allan Kardec, do 1o. ao 4o. ano de ensino fundamental e a Escola Jesus Cristo, hoje com 1100 vagas.

A impressão é que as crianças estão felizes, convivem normalmente umas com as outras. Vi brincadeiras típicas de meninos, um pouco mais viris, mas  a professora, atenta, interferia para que não houvesse progresso. 



O entorno da Mansão é de comunidades, típicas de capitais e grandes centros, mas a violência típica dos aglomerados parece ter dado uma trégua, talvez pela consciência da importância da obra para o futuro das crianças dalí e para as pessoas em geral. Enquanto "black blocks" quebram o país, em sinal de protesto, os pobres preservam um patrimônio que é também deles, de alguma forma.





Outro lugar instigante é o centro de parto normal. Ambulâncias a postos, para o caso de complicações, o lugar parece ser bem equipado para sua finalidade. Uma recém-mãe, de camisola hospitalar verde, com um bebê cabeludinho nos braços recuperava-se do parto. As ideias do Dr. Leboyer ressoaram de alguma forma no distante bairro do Pau da Lima.


Apesar do museu do espiritismo não estar aberto à visitação no dia que fui, o memorial nos acolheu. Uma concepção moderna, que lembrou-me o Memorial JK em Brasília, com as fotos e textos aplicados nas paredes iluminadas e os diversos ambientes retratando diferentes momentos da obra, que se mistura à vida de Divaldo.



Um painel já um pouco desatualizado mostra os países onde foi Divaldo Franco, iluminados com leds. O mundo ficou pequeno para a tarefa de levar o verbo, a boa-nova e o espiritismo.


Por todos os espaços há placas, honrarias, títulos concedidos pelos lugares onde Divaldo levou sua mensagem. Foi-nos dito que não se trata de uma coleção completa, o que não importa, porque o que está exposto dá uma noção clara do reconhecimento do trabalho prestado.



Minas Gerais está presente em pelo menos dois momentos. O que mais me tocou foi a colcha de retalhos dada pelos 55 anos de serviços prestados no estado. Cada quadrado de tecido representa um centro espírita. A colcha dorme ao fundo de um belo móvel de vidro, permitindo apreciar o trabalho.




Nas instalações funciona a Livraria e Editora Espírita Alvorada. Para a tristeza da minha esposa, saí com uma sacola de livros, que são expostos e disponíveis para a venda dos interessados.





Ao lado, o cômodo com o Clube do Livro e a revista Presença Espírita. A responsável nos mostra com entusiasmo os grupos de envio para o exterior. Eu lembrei dos muitos e muitos livros que recebi e li, graças ao trabalho voluntário de pessoas como ela, que o tempo já deve ter levado para outras paragens. Vem-me à mente o livro biográfico de Elisabeth D'Esperance, médium de efeitos físicos e mecenas da revista de Gabriel Delanne, e depois dele muitos outros, que foram co-responsáveis pela lenta construção da minha cultura espírita e espiritualista.




No outro extremo da Mansão pude conversar com voluntários que trabalhavam na revisão dos textos produzidos por Divaldo e pelos colaboradores de sua obra. O parque gráfico estava com suas máquinas descansando, embora seus funcionários continuassem com tarefas de identificação de livros com defeitos, correção e outras mais.

Conversei rapidamente com uma voluntária que fazia o trabalho de revisão. Trocamos figurinhas sobre esse trabalho, sobre língua portuguesa, sobre neologismos, sobre editoração de livros. Quando ela se referia aos livros que analisava, lembrei-me de uma história de Divaldo:
- O que você faz?
- Você não vê? Estou construindo uma catedral!



Um grande auditório de 750 lugares, dispostos em dois andares, com a possibilidade de usar outras salas de estudo como apoio, com os recursos da transmissão de imagens pela tecnologia.

Assim, vazio, dá tristeza. Então imaginei os eventos que ele já acolheu e que ainda acolherá, apesar da distância do centro urbano de Salvador. Pensei que mais uma ou duas décadas e não teremos conosco a dupla Divaldo e Nilson, que retornará à pátria espiritual, deixando este enorme legado para seus sucessores. De onde virão os livros, que transformaram letra em pão, papel em tijolos, desejo de conhecer em contratos de trabalho, ideais em voluntariado? Não tenho resposta, mas a esperança me fez recordar de Allan Kardec em diálogo com a espiritualidade: Outros virão.

14.12.12

DIVALDO LANÇA LIVRO NOVO PELA FEB



A Federação Espírita Brasileira está lançando livro atribuído a Bezerra de Menezes, psicografado por Divaldo Pereira Franco, médium baiano que tem vasta publicação mediúnica, reconhecido internacionalmente por suas conferências e por sua obra social no bairro Pau da Lima, em Salvador.

Ainda não li, logo, não tenho como comentar o livro, mas as expectativas são altas.

26.9.12

RAUL TEIXEIRA TRABALHANDO...

É com satisfação que publico as imagens da comemoração dos 32 anos da Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói-RJ, com a presença de Raul Teixeira. Recebi-as em agosto de 2012.


Raul e Divaldo Franco



Raul autografando livro com a mão esquerda.

Desejamos força e paciência para o médium fluminense na sua trajetória de recuperação.

18.4.12

O MINEIRO DIVALDO FRANCO



Notícia fresquinha e quentíssima. Divaldo Franco é mineiro! Mesmo não falando uai, nem sô, ele ganhou o coração dos habitantes das highlands brasileiras e tornou-se mineirim por decreto.

A Assembléia Legislativa, em um gesto de boa vontade com os espíritas que, influenciados por este homem e por outras estrelas brilhantes do espiritismo, dedicaram parte de suas vidas à construção de uma Minas Gerais melhor de se viver, mais admirável, mais respeitada pelos entes federativos, deu-lhe uma nova certidão de nascimento, agora, no ocaso da vida.

Divaldo pode ser encontrado em dezenas de cidades mineiras, ao mesmo tempo, em instituições que inseriram em seu frontispício o nome da Joanna de Ângelis, abriram suas cozinhas e suas salas de aula para a infância, a juventude, a idade adulta e a terceira idade. Ele pode ser visto furtivamente nas prateleiras de bibliotecas que acomodam parte dos milhões de livros publicados, dedicados ao bem e à prática da caridade benevolente.

Divaldo está nas ruas, nas rodas de conversas, nos grupinhos de jovens que saem das mocidades espíritas, nas sessões mediúnicas promovidas por pessoas sem idade delimitada. Ele está nos jardins da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, aberta em nome de sua mentora no bairro Primeiro de Maio, na esquina da rua Clara de Assis. Divaldo também pode ser encontrado nas residências, no momento íntimo do culto do evangelho no lar, nas telas de computadores que acessam tudo o que produziu.

Ele diz que nada fez, que apenas trouxe o que lhe foi concedido, mas bendito seja o mensageiro, o portador da missiva e da encomenda, que chega na hora aprazada para cumprir sua missão.

21.3.12

DIVALDO FRANCO NOS EMIRADOS ÁRABES


Os Emirados são um país de língua árabe e têm como religião oficial o Islã. Acho que Kardec se emocionaria ao ver seus habitantes interessados no espiritismo.

24.2.12

DIVALDO FRANCO FALA SOBRE PUBLICAÇÃO DE LIVROS ATRIBUÍDOS A ESPÍRITOS




O vídeo é curto, mas a mensagem muito clara. Divaldo entende que uma livraria espírita não deve disponibilizar livros apenas porque vendem e são atribuídos a espíritos.

Você acha que apenas por que um livro é atribuído a um espírito e considerado psicografado, ele é coerente com o espiritismo?

24.11.11

MAIS RECORDAÇÕES SOBRE RAUL TEIXEIRA


Foto postada no twitter @mansaodocaminho em 22/11


Recebi da Débora esta foto que mostra a recuperação de Raul Teixeira nos Estados Unidos e fiquei pensando sobre a oportunidade de divulgar sua obra. Geralmente a desencarnação é usada para a recordação dos que se foram e do que fizeram, e às vezes os torna notáveis. Oxalá pudessem os homens fazer sua homenagem aos que merecem enquanto estão conosco.

1985. Uma das lideranças ativas da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte era a amiga Telma Núbia, que, entre mil atividades, organizou um simpósio sobre mediunidade em nossa capital com Divaldo Franco e Raul Teixeira.

O evento ocorreu, salvo engano, no auditório do Colégio Tiradentes, em Santa Tereza, local capaz de abrigar mais de quinhentas pessoas àquela época.

Ambiente cheio, a AME havia elaborado dezenas de perguntas para os dois expositores espíritas tratarem ao longo do dia. Eles se intercalavam nas respostas, cada um respondia a uma pergunta.

Acostumados a vê-los em conferências públicas e a ver Raul em estudos com grupos menores, geralmente habituados a dissertações de 90 minutos ou mais, qual não foi a nossa surpresa quando os vimos respondendo sucintamente, em menos de cinco minutos, cada pergunta.

Os assuntos desenvolviam-se e iam desde o conceito de mediunidade, à prática e às questões associadas e à obsessão. Apesar da brevidade, as perguntas completavam-se, como em uma peça, e assistíamos todos atentos ao simpósio.

Ambiente harmonioso e tranquilo, encerrado o evento, voltamos para casa.

Passados alguns meses, encontrei a Telma sorridente. Eles haviam gravado as respostas e a AME-BH publicaria o seminário em forma de livreto.

Mais alguns anos, a editora Fráter solicitou o material, ampliou-o e lançou o livro Diretrizes de Segurança, que tem sido utilizado como um guia de estudos para a prática mediúnica.


Capa atual do Diretrizes de Segurança


Recomendamos este livro a todos os que procuram uma leitura sensata sobre o tema.


27.6.11

AUSCHWITZ, 60 ANOS DEPOIS


Figura 1: Espíritas acompanham Divaldo Franco à visita a Auschwitz. Na faixa de metal a frase sinistra de duplo sentido: o trabalho liberta.

O Nacional-Socialismo ascendeu na Alemanha patrocinado pelas cláusulas leoninas do Tratado de Versalhes, que impôs a pobreza e uma dívida de guerra muito superior à capacidade financeira dos aliados do império Austro-húngaro.

A sobrevivência tornou-se companheira da humilhação. Esta irmã do orgulho logo aceitou com facilidade as teses que culpabilizariam injustamente os descendentes do povo judeu radicado nas terras germânicas pelo armistício e pelo sofrimento imposto aos seus coirmãos.

O Dr. Carl Jung, anos depois da segunda guerra, receberia um prêmio por seu trabalho sobre o mito de Wotan, que versa sobre a psicologia do povo alemão após a derrota diplomática da primeira guerra.



Figura 2: As belas construções, não fossem as cercas, aparentariam belos casarões que acolheriam alguma indústria. Hoje foram transformados em museu.

Uma inflação jamais vista,  a perda do poder de compra do marco alemão e o empobrecimento das massas, trouxeram um ódio silencioso, a necessidade de culpabilização de um terceiro e um desejo de reparação, a esperança de um herói messiânico, que como Wotan acordaria de seu sono e congregaria forças ao redor de si para uma nova marcha vitoriosa sobre as forças opressoras.

O desenvolvimento tecnológico e o novo crescimento econômico trouxeram em seu bojo as promessas rancorosas do partido Nacional Socialista, que acusava, culpabilizava e prometia punição indistinta ao povo judeu, assim como uma perseguição contra as minorias que teriam enfraquecido as fortes raízes germânicas.



Figura 3: Divaldo diante dos fornos crematórios

O discurso emocional tomou conta do povo alemão que conduziu ao poder não apenas um homem, mas uma ideia totalizadora que trazia em seu bojo as tristes propostas da eugenia e o nefasto conluio genocida.

O genocídio é o assassinato frio e premeditado de um povo, uma comunidade, uma etnia. A acusação gratuita e infundada da conspiração para a derrota diplomática alemã tornou-se juiz e julgado, pena de morte para todo e qualquer descendente hebreu ao alcance das garras de aço ensanguentadas do poder eleito e centralizador.

Figura 4: Uma das tristes lembranças da ideologia genocida


A guerra fortaleceu ainda mais o poder central, e das mesas da burocracia alemã surgiram os papéis secretos que foram dando forma ao que se intitulou "solução final". Tamanho o opróbio da proposta, que nem mesmo o sofrido povo alemão a aceitaria se tivesse consciência plena dos projetos autorizados por seu Füher. Sob a lógica da exceção que o conflito armado institui, judeus, homossexuais, socialistas e outras minorias indesejáveis seriam segregadas e enviadas a guetos e campos de concentração, ou apenas simulacros destes.

Ações isoladas, mas engendradas, deram início ao objetivo vergonhoso: o extermínio. Pelotões de fuzilamento em florestas e  furgões com a caçamba lacrada onde se respirava o monóxido de carbono dos escapamentos foram alguns dos precursores da câmaras de gás e dos grupos de trabalho que expoliavam dos corpos a sua última diginidade humana, arrancando dentes de metal, despindo-os e usurpando da morte covarde o último direito, o da sepultura digna. Amontoados de corpos eram queimados ou acumulados em covas coletivas cujo destino final seria o manto de terra e o reflorestamento, que ocultaria para sempre da memória da humanidade os atos ali cometidos.

Figura 5: Palestra de Divaldo Franco no Centro de Cultura - Polônia

Quis Deus e a coragem dos homens que esta história não morresse com o sufocar da garganta das vítimas. Estima-se que seis milhões pereceram, mas os sobreviventes não se calaram. Ainda choram pelos seus mortos e contam ao mundo as histórias de horror que um dia saíram do mais negro imaginário humano para habitar na orgulhosa civilização européia.

As paredes do campo de extermínio de Auschwitz estão vivas. Elas ainda guardam a dor de pais que perderam seus filhos, maridos que viram, impotentes, suas esposas serem devoradas pelos anjos da morte, seus pais, alguns já anciâos, padecerem a vergonha da nudez e a dor da separação imposta pelo espírito da morte. Tudo muito limpo e organizado, como convém ao espírito germânico, enlouquecido pelo ódio ou silenciado pelo medo.


Figura 6: Divaldo autografando

Passadas quase seis décadas, ergamos nós, espíritas, uma prece pelos algozes e por aqueles que se endureceram após a morte no desejo igualmente louco de vingança, aqueles que se ataram aos perseguidores, na sanha insana de obter alívio repetindo os gestos e atos dos atormentados. Não permitamos que o mundo esqueça do que é capaz o homem e não esqueçamos nós o que trazemos no fundo de nossa alma, para que o passado não retorne ao presente e Wotan continue adormecido com seus guerreiros e seu fogo destruidor.

Figura 7: A Diretora do Centro de Cultura oferece flores a Divaldo Franco

Texto: Jáder Sampaio
Fonte: Délcio Carvalho
Fotografias: Autor Desconhecido
Agradecimentos: Ubirajara Costa