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27.7.20

AMÁLIA DOMINGO SOLER: UMA MULHER MUITO A FRENTE DE SEU TEMPO




No afã de ler novos romances, os grandes autores espíritas vão ficando esquecidos pelo público espírita em geral. A história do espiritismo na Espanha é um capítulo especial, e deveria ser conhecido por todos.

Talvez a "pedra preciosa" da coroa do espiritismo espanhol seja Amália Domingo Soler. Uma mulher solteira, em uma sociedade na qual se desejava que ela casasse ou se tornasse freira, intelectual (mesmo que sem acesso à escolaridade formal), pobre, mas imensamente dedicada. Hoje, Amália é reconhecida como grande escritora espanhola de sua época, e há teses acadêmicas dedicadas a ela, como escritora e mulher.

Ainda hoje, o livro "Memórias do Padre Germano", ditado psicofonicamente pelo médium Eudaldo Pagés e escrito por ela, inicialmente em forma de contos, depois em forma de romance, é um dos mais impressionantes livros da literatura espírita.

O que ela escreveu? Como era o espiritismo na Espanha do século 19? Com quem debateu em sua época? Como se tornou uma mulher tão iminente em uma sociedade católica e masculina? Como lutou com a cegueira? Como se tornou um ponto de conexão entre o espiritismo na península ibérica e o nascente movimento espírita latino-americano? Ela era membro da maçonaria, mesmo sendo mulher?

Essas e muitas outras perguntas foram respondidas por Débora Zambalde Vitorino, tradutora dos textos ainda inéditos em português por Amália. São mais de dez anos recuperando material em língua espanhola, estudando, traduzindo, escrevendo e falando sobre Amália. Uma aula de erudição e recuperação da memória da jovem Sevilhana, cuja admiração pelos europeus superou o século, a cultura e até mesmo a religião. 

Assista abaixo a entrevista:




Segue abaixo o link para os anais do Congresso Espírita Internacional de 1888, na Espanha, citado no programa acima: 

30.6.17

TEMPO DE REALIZAÇÕES



Léon Denis (Espírita Francês)

Léon Denis foi o discípulo fiel de Allan Kardec, que deu continuidade à doutrina sem aproximá-la a qualquer orientalismo ou pensamento místico. Em 1900 ele foi presidente do Congresso Espírita e Espiritualista da França, trazendo pessoas de diferentes pontos do mundo.

Desse congresso escolho dois eventos para recordarmos. O primeiro vem da crítica de alguns participantes famosos que desejavam reduzir o espiritismo às estreitas contribuições da ciência empírica, baseada pelos fenômenos. Denis assim se posicionou:

“O que caracteriza hoje o Espiritismo é a manutenção dos princípios codificados por Allan Kardec e seu constante desenvolvimento pelos métodos experimentais. Entretanto, para nós o Espiritismo não está todo em Kardec; o Espiritismo é uma doutrina universal e eterna, que foi proclamada por todas as grandes vozes do passado, em todos os pontos da Terra e que o será por todas as grandes vozes do porvir. ” (Gaston Luce)

Angel Aguarod

O segundo evento curioso, é que neste ano ele recebeu Angel Aguarod e Esteva Marata, ansiosos por conhecer a pátria de Kardec. Eles foram ao cemitério do Père Lachaise e a um centro de reunião dos espíritas em Paris, mas como ele mesmo disse “Os espíritas parisienses eram pobres”. Depois de muita pesquisa eles encontraram uma construção de tábuas que talvez houvesse sido uma estrebaria, o que foi para estes delegados uma grande decepção.

Camille Flammarion

Passado um quarto de século, Denis estava cego e doente. Foi convidado para ser presidente do congresso, mas inicialmente declinou. Um espírito o questionou em uma reunião mediúnica, por que ele não aceitou o convite, ao que, após queixar-se do “fardo de suas enfermidades”, explicou

- Flammarion me substituirá muito bem!

O espírito lhe respondeu diretamente:

- Flammarion não estará lá.

E, de fato, Flammarion desencarnou em junho de 1925, três meses antes do congresso.

No discurso de encerramento do congresso de 1925, ele contou a memória da visita de Aguarod e de Marata, para dizer que o espiritismo parisiense e mundial, passados 25 anos, agora contava com a Casa dos Espíritos e o Instituto Metapsíquico Internacional, cujos imóveis foram comprados por Jean Meyer e as organizações pensadas pelo mesmo mecenas.




Luz y Union - Revista dirigida por Jacinto Esteva Marata

Passou-se quase um século, e o espiritismo espalhou-se pelo mundo, com um grande movimento no Brasil. As casas em Belo Horizonte se contam às centenas, os livros obtidos pela mediunidade aos milhares, como previu o autor de “No invisível”. Contudo, ao nos reunirmos, é fundamental perguntarmo-nos como Denis: qual é a nossa “construção de tábuas” contemporânea que precisa ser transformada em imóvel? Que trabalho nos cabe fazer nos próximos 25 anos, para que o movimento da capital mineira tenha um ganho de qualidade?


Com certeza, se estiver no plano espiritual, o discípulo fiel de Kardec estará nos acompanhando, pronto a observar nossas decisões e desejoso de ter mais uma história de sucesso para contar no futuro, nos encontros de espíritas que transpuseram os umbrais da morte do corpo.

(Texto publicado no periódico Ame Mais no. 61, pág. 5)

26.7.08

Auto-de-Fé de Barcelona

Figura 1: Capa do Livro de Barrera


Florentino Barrera é um autor espírita argentino, ainda pouco conhecido no Brasil, senão por círculos espíritas seletos. Intelectual, fez pesquisas cuidadosas, adquiriu livros e trabalhos raros durante sua longa existência junto a nós e disponibiliza em seus trabalhos informações de difícil acesso ao pesquisador espírita.
O título do livro não lhe faz justiça. Barrera trata de diversos assuntos do interesse dos que estudam a história do Espiritismo na Espanha e seus impactos na América Latina, o auto-de-fé de Barcelona
[1] está descrito e documentado, as fontes são apresentadas, mas ele é apenas um mote para tratar rapidamente da evolução do Espiritismo na Espanha.
A narrativa impessoal e sintética de Florentino inicia-se com uma descrição detalhada dos vínculos de Kardec com a livraria francesa do século XIX.
O capítulo intitulado Análise Bibliográfica trata do evento no qual o Bispo de Barcelona retém e manda queimar um envio de livros e revistas espíritas francesas para a Espanha. Florentino inicia então um trabalho instigante de recuperar os eventos ao redor do auto-de-fé. Ele trata das ações da Igreja junto ao Estado com a finalidade de policiar o pensamento divergente às doutrinas eclesiásticas.
O capítulo “livros, livreiros e censura” apresenta as origens dos livros e o papel da inquisição espanhola nas relações Estado – Igreja. Barrera mostra os impactos que a intolerância ao Espiritismo causa nos países latinoamericanos de língua espanhola: a proibição do Espiritismo no Equador, a expulsão de espíritas de Montevidéu, a tentativa de assassinato de Cosme Mariño por uma beata na Argentina.
A ditadura de Franco, passada a união entre a nobreza e a igreja católica, sob a pena de Florentino, acolhe e encobre todo tipo e ato torpe realizado pelo Santo Ofício: fecham sociedades espíritas, “seqüestram livros e efetuam prisões”. O movimento espírita permanece subterrâneo durante quarenta anos.
Barrera descreve o trabalho de Molina e o renascimento do Espiritismo Espanhol, a partir das mudanças políticas na Espanha de 1979.
O capítulo “Espanha 1853-1888” faz uma apresentação do vigor e dos principais atores sociais do Espiritismo Espanhol. O leitor encontra uma lista extensa fontes bibliográficas produzidas por eles neste período. A clandestinidade é parceira da difusão da obra espírita espanhola e Barrera mostra indícios de livros espíritas levados por contrabandistas à Porto Rico.
Em “Os Opositores”, Florentino lista as obras escritas (e às vezes as obras espíritas redigidas em resposta) por religiosos e outros autores contrários às idéias espíritas.
O final do livro dedica-se ao auto-de-fé. Barrera mostra sua peregrinação pelas principais bibliotecas do planeta em busca de originais e informação, apresenta um fac-símile da breve comunicação de Kardec ao movimento espírita do acontecido, através da “Revue Spirite” e relaciona os relatos de protagonistas e testemunhas do ato, deixando indubitável a sua existência e a precisão dos relatos espíritas.
Apesar da impessoalidade e de pequenos erros ortográficos da revisão, fiz a leitura em menos de duas horas. Este é daqueles livros que, iniciada a leitura, não se quer tirar os olhos do texto. Ele marca a consolidação da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas em parceria com o Centro de Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, desde os contatos feitos com Florentino pelo Eduardo, ainda encarnado, até sua realização em trabalho de equipe capitaneada pela operosa Emília Santos Coutinho.
[1] Auto-de-fé é um ato público de humilhação ou punição realizado geralmente por agentes do Estado contra expoentes de idéias contrárias às da Igreja. O auto-de-fé de Barcelona constituiu-se no seqüestro e queima de livros espíritas por ordem do bispo de Barcelona em 1861.


Livro: Auto-de-Fé de Barcelona
Autor: Florentino Barrera
Editor: CCDPE-ECM
96 páginas
14 X 21
ISBN: 9788590400035
1a. Edição
2007

1.3.08

Princípios do Espiritismo por Amália


Amália Domingo Soler, em debate com o Bispo Dom Vicente Manterola, escreveu inspirada:

Cremos na existência de DEUS, na imortalidade e na preexistência da alma, na reencarnação.
Cremos no progresso indefinido, na prática do bem no trabalho como forma de realizá-lo.
Cremos nas recompensas e expiações futuras em razão dos atos voluntários, reabilitação e meta final para todos.
Cremos na comunicação universal dos seres, comunicação com o mundo dos espíritos, provada por fatos que são a demonstração física da existência da alma.
Cremos que devemos caminhar para Deus pelo amor e pela ciência, e ter fé racional, esperança, resignação e caridade para com todos.

Extraído do Livro "Contos Espíritas", de Amália Domingo Soler, publicado pela USE/MADRAS ESPíRITA. Em memória a Eduardo Carvalho Monteiro.

“Creemos en la existencia de Dios, en la inmortalidad del alma, en la preexistencia y en las reencarnaciones”.
“Creemos en la pluralidad de mundos habitables y habitados”.
“Creemos en el progreso indefinido, en la práctica del bien y el trabajo como medio de realizarlo”.
“Creemos en las recompensas y expiaciones futuras, en razón de los actos voluntarios, rehabilitación y dicha final para todos”.
“Creemos en la comunicación universal de los seres, comunicación con el mundo de los espíritus, probada por los hechos que son la demostración física de la existencia del alma”.
“Creemos que debemos ir hacia Dios por el amor y por la ciencia, y tener fe racional, esperanza y resignación y caridad para todos”.
¿Puede este credo conducirnos al mal, señor Manterola? Usted dirá que sí, que es el credo de Satanás; pero nosotros creemos que es el de la razón.

http://www.luzespiritual.org/Libros/Replicas1.pdf , "El espiritismo refutando los errores del Catolicismo romano"