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26.8.16

ALEXANDRE ROCHA FALA DE AUTORES FRANCESES DO ESPIRITISMO NO 12o.ENLIHPE




Dois franceses tiveram seus trabalhos recentemente traduzidos para a língua portuguesa nos últimos anos, quando já se pensava que a produção intelectual sobre o espiritismo fosse exclusividade de autores brasileiros.

François Gaudin é um professor da Universidade de Rouen, que dedicou as duas últimas décadas ao estudo de Maurice Lachâtre, inicialmente como lexicógrafo, mas posteriormente como divulgador do espiritismo. Eu encontrei pelo menos nove itens de produção (tese, artigos, comunicações em eventos, etc.) em seu currículo.



Jean Prieur já tem um perfil diferente. Francês de Lille, nascido em 1914, continua conosco aos quase 102 anos. Da área das letras, foi professor de francês e latim, com formação em literatura francesa  e em estudos latinos.
Em português, Prieur teve traduzido o seu “Allan Kardec e sua época”, que é um delicioso passeio pela pela França da época de Kardec, pela vida do fundador do espiritismo e pelas pessoas mais próximas a ele, como Amelie Gabrielle Boudet, Mme. Rivail. Gaudin, por sua vez, teve uma instigante biografia de Maurice Lachâtre publicada no livro “O espiritismo: uma nova filosofia.”


Alexandre Rocha, editor da Lachâtre, foi conhece-los na França pessoalmente, e vai falar um pouco destas duas personalidades curiosas e laboriosas para os participantes do 12º. ENLIHPE, no domingo próximo.


24.11.15

UM OLHAR CENTENÁRIO SOBRE ALLAN KARDEC, GABRIELLE BOUDET E SEU TRABALHO


Esperava receber este livro com muita curiosidade. Jean Prieur é um espírita francês, centenário, nascido em Lille, na França, ocupada pelos alemães. Quando Jean nasceu, o trio Flammarion, Delanne e Denis ainda estava encarnado e publicando livros importantes.

Prieur viveu duas guerras mundiais. Como francês, foi literalmente testemunha da história, acompanhou as grandes transformações que sofreu o mundo nestes agitados últimos cem anos.

Seu texto é delicioso de ler. Ele escreve lendo e comentando, fazendo pequenas paradas e viajando no tempo, fazendo Kardec e o espiritismo conversarem com o mundo que vivemos. O autor não viveu em uma redoma de vidro. Ele dá notícia das principais transformações do mundo, às vezes com uma pitada de ironia, outras com uma lucidez profunda.

Sua relação com Kardec é curiosíssima. O codificador (termo que ele defende) parece ser seu colega de letras, seu companheiro, com quem ele não se importa de conversar, divergir às vezes, admirar. Às vezes fiquei frustrado pela própria forma do texto, porque Jean descreve passagens desconhecidas, sem se preocupar em citar as fontes.

Uma análise bem contemporânea, e um tanto francesa, é o olhar que ele lança sobre Espiritismo e Feminismo. Ele é um admirador do casal Rivail, de sua forma companheira de viver. No seu texto, Amélie Boudet tem um papel de frente na elaboração do espiritismo. Ela secretaria Kardec, revê seus textos, discute com ele. É uma Gabi que justifica seu papel protagonista após a desencarnação do companheiro. O Espiritismo Kardequiano é um precursor do feminismo moderno, e sua concepção de mulher na sociedade é de vanguarda. A concepção de ser humano que reencarna  alternando gêneros, é tão revolucionária quanto a de pessoas que alternam classes sociais, que podem nascer em contextos muito diferentes do que ora participam.

Uma parte genial do livro é um suposto diálogo feito entre Don Pantaleão, bispo de Barcelona, Allan Kardec e Jean Prieur. Recomendo.

Se você se interessou pelo livro, prepare-se para viajar no tempo e na história. Recolha-se em um cantinho onde possa fazer a leitura sem ser perturbado, para que sua mente possa ir recriando os cenários e situações que o autor resolveu compartilhar conosco. Para aproveitar o livro, faça uma "suspensão de juízo" e beba aos poucos a taça que Jean nos oferece. Deixe a análise e a crítica para depois da degustação.


Ainda não concluí a leitura, mas não me contive de compartilhar minhas primeiras impressões com o leitor do Espiritismo Comentado. Não sei como o Alexandre Rocha conseguiu este texto tão oportuno, e agradeço a ele a leitura heroica, feita em parte dentro das paredes de um hospital, sob cuidados médicos. 

Allan Kardec e sua época
Jean Prieur
Tradução: Irène Gootjes
Revisão: Alexandre Caroli Rocha
366 páginas
Instituto Lachâtre
1a. Edição Brasileira - Setembro de 2015