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3.10.19

IMPRESSÕES DO FILME DIVALDO, O MENSAGEIRO DA PAZ


Ana Franco: mãe de Divaldo



Domingo à tarde e fui com minha esposa assistir ao filme Divaldo, o mensageiro da paz.

Depois de ter assistido o “Allan Kardec”, que entre fatos e fakes ficou com muitos “não é bem assim”, o Divaldo está bem próximo das histórias da própria vida que ele sempre nos contou, ao longo de anos de palestras e conferências.

O roteirista optou por contar a infância, a descoberta da mediunidade, as obsessões espirituais e a construção da Mansão do Caminho.

No domingo à tarde o público não era muito grande no cinema. Devia ter um terço ou um quarto da sala de exibições, mas as reações ao filme entregavam a filiação religiosa dos presentes. A história correu entre risos e lágrimas, e ao final, mais lágrimas que risos. As pessoas presentes aspiravam suas lágrimas, e os sons aconteciam em todos os espaços da sala de projeções.

O filme fala discretamente do suicídio de Nair Franco. O cineasta conseguiu fazer uma espécie de presença seguida de ausência, e da apreensão dos familiares seguida da dor. Ana Franco é a grande personagem da trama, na minha opinião, mais impressionante que o próprio Divaldo.

A ruptura dela com a comunidade católica em que se achava bem inserida, em função da antiga visão da igreja sobre o suicídio, talvez um pouco elaborada em termos do seu discurso, é um grande momento do filme. A busca pelo tratamento do filho, mesmo desgostando seu marido, em uma época na qual o patriarcalismo ainda era uma instituição forte, também me marcou.

O filme é cheio de mulheres fortes e admiráveis, mulheres capazes de enfrentar seu tempo, a ordem vigente, em favor de um ente querido, uma pessoa amada. Mulheres inteligentes, capazes de argumentar e explicar com elegância suas posições. Mulheres que amam, e que são capazes de oferecer sua capacidade de amar em favor de encarnados e desencarnados. Mulheres simples, sem a alta escolaridade comum ao nosso meio espírita de hoje, mas capazes de ações pragmáticas e corajosas. Mulheres como Joanna de Ângelis, companheira-mestra do médium, orientadora nas horas de dúvida, assertiva nas horas de sofrimento. Eu admiro essas mulheres. Entendo porque Lynn Sharp e outras historiadoras contemporâneas entreviram no movimento espírita uma forma de emancipação e expressão social das mulheres.

Eu não conhecia Laura. Sabia dos problemas de Divaldo e da presença de uma espírita em seu favor, mas não tinha ideia da dimensão da importância dela para ele. Foi uma espécie de anjo da guarda encarnado.

Não sei se foi a intenção da direção, mas não dá para não comparar os primeiros trabalhos do Divaldo, com os primeiros trabalhos do Chico. Os dois são pessoas naturalmente estudiosas, interessadas na doutrina, convivendo com pessoas que viviam sua participação na casa espírita como uma atividade, muitas vezes sem o mínimo conhecimento necessário.

Nos dois se vê o compromisso com a caridade material, que dizia Kardec, começando com o pouco, quase nada, quase inútil, da distribuição de alimento e se tornando aos poucos um trabalho de impacto em um número enorme de pessoas. Escolas, ensino de música, profissionalização, adoção, apoio à maternidade com parto natural, editora, e muitas e muitas iniciativas que vão nascendo ao redor do que foi uma cesta de alimentos. Um trabalho que seria mais responsabilidade do Estado que de uma associação de voluntários.

Quando saía da sala, uma pessoa me reconheceu. Perguntou se eu era filho do José Mário Sampaio e se apresentou como alguém que participou das suas reuniões de estudo sobre mediunidade na União Espírita Mineira. Ele era leitor do Espiritismo Comentado e me incentivou:

- Quero ver suas impressões sobre o filme!

Uma amiga me enviou um e-mail. Ela estava no Shopping em uma tarde de calor e tempo seco, e resolveu assistir a um filme para usufruir também do ar condicionado. Viu o nosso filme em cartaz, e não sei porque resolveu assisti-lo em meio aos outros. Acho que ela se emocionou como nós e ficou intrigada com o líder espírita (palavras dela) e sua mensagem.

Assim o filme vai cumprindo seu papel, como folhas ao vento dizia um amigo espiritual. Não se sabe onde vai parar, quem vai assistir, como vai percorrer sua trajetória incerta, mas se sabe que vai encontrar muitos em seu voo irregular. O filme não transformará as pessoas em espíritas, nem é esse seu objetivo, mas sensibilizará as pessoas ao bem e ao amor. É uma história, dirão alguns, mas é uma história boa de se contar e melhor ainda de se ouvir.

25.4.15

O DIVALDO DE ANA LANDI




A jornalista e historiadora Ana Landi acaba de publicar o livro “Divaldo Franco: a trajetória de um dos maiores médiuns de todos os tempos”, pela editora Bella. Recebi a notícia de primeira mão, pelo confrade Washington Fernandes, que estava feliz com a venda do pré-lançamento, cerca de 40 mil livros.

O livro é delicioso de ler, mercê do lado jornalístico de Ana. Ela não fez um texto linear, mas um texto que, embora siga a linha da vida de Divaldo, vai e volta no tempo, detalhando situações que ela vai narrando. Ao ler, eu parecia estar ouvindo o próprio Divaldo, que já vi contar pessoalmente um grande número dos eventos biográficos escolhidos pela autora.

Apesar do interesse pelo Divaldo-médium, o que mais me tocou foi a preocupação de se mostrar sua dimensão humana e o alcance de sua obra. As histórias de Divaldo são quase inacreditáveis, se eu não o tivesse conhecido pessoalmente e visto um pouco de suas faculdades e qualidades.

A mais grata surpresa do livro não foi o texto fluente e magnético, nem as fotos muito bem escolhidas de diferentes momentos da vida do médium, assim como de algumas de suas psicografias. Foi a extensa narrativa sobre a relação de Divaldo com Chico Xavier, outro personagem que conheci em vida, embora muito rapidamente, e cujos amigos, livros e espíritos estão muito presentes na minha história pessoal como espírita.

Para quem conhece um pouco da história do espiritismo, o texto traz uma surpresa após a outra, dada a quantidade de personagens espíritas que aparecem na vida do baiano, oriundos do mundo físico e do mundo espiritual.
A Mansão do Caminho vai sendo construída, passo a passo, aos olhos do leitor. É uma espécie de patrimônio coletivo, porque tem as mãos e a generosidade de um número enorme de pessoas e instituições, que geralmente contribuem e passam. A mão amiga de Nilson está presente o tempo todo, fazendo justiça àquele que foi o esteio para que Divaldo pudesse realizar sua missão como expositor e psicógrafo.

O livro emociona, faz rir e chorar, assim como o próprio Divaldo. Ana não trabalhou como historiadora, uma vez que posso até estar errado, mas penso que o médium baiano insere “o seu tempero” nas histórias, já que são contadas para um público que o escuta por uma hora ou mais. Ganham um tom humorístico, mesmo em situações claramente dramáticas. Ela foi uma bela médium do médium, transmitindo a história que ele escolheu contar para todos nós.


O livro não foge dos temas polêmicos que envolveram a vida de Divaldo, e que tanto impactaram na terra de Chico Xavier, de onde escrevo a vocês. Não vou falar muito, para que fique aquela dúvida intrigante que faz com que o leitor desta história resolva adquirir, ajudando a obra social do médium (os direitos autorais foram cedidos) e embeber-se do texto.

23.2.15

DIVALDO NO FANTÁSTICO



Considero muito feliz o trabalho da equipe de reportagem do Fantástico com o Divaldo Franco. Para quem não conhece (se é que algum leitor deste blog não conhece o Divaldo), ele é um orador espírita, médium baiano, com uma obra social admirável.

Após uma entrevista rápida com o Divaldo e algumas cenas envolvendo a prática mediúnica, mostrou-se a Mansão do Caminho, que já mostramos antes no Espiritismo Comentado (http://espiritismocomentado.blogspot.com.br/search?q=mansão),

Foi muito feliz mostrar a comunidade do Pau da Lima, e a relação dos excluídos com o trabalho do Divaldo. Encontrar pessoas que foram adotados por ele ou estudaram na Mansão, com suas profissões, décadas depois da infância, é algo que toca e incentiva quem quer que esteja buscando fazer um trabalho de inclusão social.


No link abaixo você tem a matéria e a transcrição da entrevista com Divaldo.

http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/02/principal-medium-do-pais-psicografa-diante-das-cameras-do-fantastico.html

21.11.13

"TIO NILSON" DA MANSÃO DO CAMINHO DESENCARNA - SALVADOR-BA



Recebemos a notícia da desencarnação de Nilson de Souza Pereira, um dos responsáveis pela imensa obra da Mansão do Caminho, que apresentamos há algumas semanas no EC. Transcrevemos abaixo a comunicação dada no site da Mansão:


"Divaldo Franco e a família da Mansão do Caminho, cumpre o dever de informar a todos os amigos que desencarnou hoje dia 21/11/2013 as 04:30h, nosso querido Tio Nilson, uma destacada e honorífica personalidade no cenário baiano, na área de Assistência Social e solidariedade humana. 

Uma vida dedicada ao Bem, que desenvolveu profícuo trabalho em prol da Mansão do Caminho ao longo de 67 anos de sacrifícios, persistência e sobretudo muito amor e respeito ao ser humano, como, aliás, advoga a Doutrina Espírita nos seus postulados iluminativos e consoladores, que ele soube honrar através do seu generoso coração e profundo amor pela Causa. 

Deixa-nos preciosa exemplificação de nobreza, de coragem, de magnanimidade e ações concretas no trabalho dinâmico a favor do semelhante, construindo, para que outros possam também trilhar os caminhos da retidão, da justiça e do amor. Um lídimo cristão e Homem de Bem. Até breve "Tio Nilson".

Enviamos-lhe, os que lhe amamos, nossa ternura e gratidão, rogando a Jesus o embale nas ondas da Sua paz.
Agradece as orações de todos os que compartilharam da vida exemplar do querido irmão, ao tempo em informa que o sepultamento dar-se-á às 16h30m no Cemitério Parque Bosque da Paz sito à Av. Aliomar Baleeiro bairro Nova Brasília (Estrada Velha do Aeroporto) "

31.10.13

CAMINHOS DA MANSÃO



São quatro as instituições de ensino infantil na Mansão. A creche Manjedoura, para crianças de 0/3 anos, o Jardim de Infância Esperança para crianças de 3/4 anos, a Escola Allan Kardec, do 1o. ao 4o. ano de ensino fundamental e a Escola Jesus Cristo, hoje com 1100 vagas.

A impressão é que as crianças estão felizes, convivem normalmente umas com as outras. Vi brincadeiras típicas de meninos, um pouco mais viris, mas  a professora, atenta, interferia para que não houvesse progresso. 



O entorno da Mansão é de comunidades, típicas de capitais e grandes centros, mas a violência típica dos aglomerados parece ter dado uma trégua, talvez pela consciência da importância da obra para o futuro das crianças dalí e para as pessoas em geral. Enquanto "black blocks" quebram o país, em sinal de protesto, os pobres preservam um patrimônio que é também deles, de alguma forma.





Outro lugar instigante é o centro de parto normal. Ambulâncias a postos, para o caso de complicações, o lugar parece ser bem equipado para sua finalidade. Uma recém-mãe, de camisola hospitalar verde, com um bebê cabeludinho nos braços recuperava-se do parto. As ideias do Dr. Leboyer ressoaram de alguma forma no distante bairro do Pau da Lima.


Apesar do museu do espiritismo não estar aberto à visitação no dia que fui, o memorial nos acolheu. Uma concepção moderna, que lembrou-me o Memorial JK em Brasília, com as fotos e textos aplicados nas paredes iluminadas e os diversos ambientes retratando diferentes momentos da obra, que se mistura à vida de Divaldo.



Um painel já um pouco desatualizado mostra os países onde foi Divaldo Franco, iluminados com leds. O mundo ficou pequeno para a tarefa de levar o verbo, a boa-nova e o espiritismo.


Por todos os espaços há placas, honrarias, títulos concedidos pelos lugares onde Divaldo levou sua mensagem. Foi-nos dito que não se trata de uma coleção completa, o que não importa, porque o que está exposto dá uma noção clara do reconhecimento do trabalho prestado.



Minas Gerais está presente em pelo menos dois momentos. O que mais me tocou foi a colcha de retalhos dada pelos 55 anos de serviços prestados no estado. Cada quadrado de tecido representa um centro espírita. A colcha dorme ao fundo de um belo móvel de vidro, permitindo apreciar o trabalho.




Nas instalações funciona a Livraria e Editora Espírita Alvorada. Para a tristeza da minha esposa, saí com uma sacola de livros, que são expostos e disponíveis para a venda dos interessados.





Ao lado, o cômodo com o Clube do Livro e a revista Presença Espírita. A responsável nos mostra com entusiasmo os grupos de envio para o exterior. Eu lembrei dos muitos e muitos livros que recebi e li, graças ao trabalho voluntário de pessoas como ela, que o tempo já deve ter levado para outras paragens. Vem-me à mente o livro biográfico de Elisabeth D'Esperance, médium de efeitos físicos e mecenas da revista de Gabriel Delanne, e depois dele muitos outros, que foram co-responsáveis pela lenta construção da minha cultura espírita e espiritualista.




No outro extremo da Mansão pude conversar com voluntários que trabalhavam na revisão dos textos produzidos por Divaldo e pelos colaboradores de sua obra. O parque gráfico estava com suas máquinas descansando, embora seus funcionários continuassem com tarefas de identificação de livros com defeitos, correção e outras mais.

Conversei rapidamente com uma voluntária que fazia o trabalho de revisão. Trocamos figurinhas sobre esse trabalho, sobre língua portuguesa, sobre neologismos, sobre editoração de livros. Quando ela se referia aos livros que analisava, lembrei-me de uma história de Divaldo:
- O que você faz?
- Você não vê? Estou construindo uma catedral!



Um grande auditório de 750 lugares, dispostos em dois andares, com a possibilidade de usar outras salas de estudo como apoio, com os recursos da transmissão de imagens pela tecnologia.

Assim, vazio, dá tristeza. Então imaginei os eventos que ele já acolheu e que ainda acolherá, apesar da distância do centro urbano de Salvador. Pensei que mais uma ou duas décadas e não teremos conosco a dupla Divaldo e Nilson, que retornará à pátria espiritual, deixando este enorme legado para seus sucessores. De onde virão os livros, que transformaram letra em pão, papel em tijolos, desejo de conhecer em contratos de trabalho, ideais em voluntariado? Não tenho resposta, mas a esperança me fez recordar de Allan Kardec em diálogo com a espiritualidade: Outros virão.