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30.11.22

UMA CANÇÃO PARA OUVIR NO NATAL, TAMBÉM!

 

Jáder Sampaio


Um dia me disseram que a música espírita é de má qualidade. Penso que há todo tipo de canções no meio espírita, desde composições realmente simples até composições e arranjos de músicos muito talentosos. O mesmo acontece com os periódicos, os expositores e toda atividade na qual predomina o voluntariado e o encontro.

James Marotta dirigiu o Coral Pedro Helvécio, da União Espírita Mineira, por muitos anos. É músico e tem composições e arranjos para o canto orfeônico que quem ouve, e o conhece, percebe sua assinatura. 

Ladston do Nascimento é músico profissional e junto com Cacau Lopes (saudades), de voz maravilhosa, fizeram um arranjo em inglês e português da música intitulada "Noite Igual" que fala da natividade de Jesus e parece se dirigir a quem quer que seja cristão, não importa a denominação.

Está chegando dezembro de 2022, um ano marcado ainda pela pandemia de COVID, de um clima de conflito ligado às eleições e que termina com uma Copa do Mundo de futebol.

No Célia Xavier estamos trabalhando para a Campanha de Natal e para marcar o aniversário do nosso mestre, lembrando daqueles "pequeninos irmãos", conforme ele mesmo disse segundo Mateus, no capítulo 25, versículo 40.

Peço que ouçam e vejam o trabalho que foi apresentado no Seminário Lítero-Musical de Nova Lima e registrem sua impressão sobre a canção e sua interpretação.

12.12.19

O NATAL DE 2019



Vem chegando o Natal e a cidade muda seu ritmo. Trânsito ativo, vai e vem de pessoas e, na nossa cidade, dezembro traz consigo suas chuvas, que não  impedem ninguém de ir às ruas comprar coisas para a ceia e a troca de presentes.

Nossa casa espírita se prepara para celebrar o natal, à moda antiga. Preparamos cestas de alimentos para presentear pessoas pobres. É assistencialismo, mas é festa ao mesmo tempo. As muitas reuniões públicas, de estudo, mediúnicas, se cotizam para adquirir os gêneros que compõem a “cesta de natal”, também chamada, pelos que nos antecederam na tarefa, de farnel.

Nas muitas festas de confraternização, em que nos encontramos, a jovem lamentava:

- Esse ano vou ao Canadá. Pela primeira vez não poderei participar da confecção das cestas de natal! Ela sabia que perderia aqueles momentos de alacridade e companheirismo.

A quebra da rotina marca o nosso natal sem neve, mas com a presença dos símbolos da cultura europeia que nos alimentou. Por todos os lados se vê um Papai Noel, uma árvore de natal, os enfeites, uma rena voadora ou qualquer um dos simpáticos ícones que têm mais a ver com o antigo culto dos deuses que com a história de Jesus.

Na mediúnica de sábado, estamos estudando o livro “Memórias de um suicida”. A leitura é sempre interessante e a riqueza dos detalhes do texto produzido por Yvonne-Camilo provoca nossa curiosidade e nosso desejo de aprender mais.

Na parte mediúnica, silêncio. Muitos médiuns relatam ter ficado entre o estado de consciência e o de transe. Um espírito comunica-se por Jeziel. 

Ao mesmo tempo, a médium Ana começa a falar e Débora vai atender. É um daqueles raros momentos em que um espírito que já se comunicou há semanas por um médium, volta a falar por outro. 

A mulher vinha nos comunicar que iria reencarnar. Ela identifica sua história, que Ana não conhecia. Na “terceira parte”, Alex iria dizer que ela havia se comunicado há algumas semanas através dele.
Ela agradece. Agradece o carinho do grupo, o acolhimento, a dedicação. Ela nos diz que fala em nome de muitos espíritos que lá estavam presentes, que também foram beneficiados pelos nossos trabalhos. Ainda pela voz da mulher, antes identificada como prostituta, vem o recado de um de nossos dirigentes espirituais, ainda anônimo, mesmo após tantos anos de trabalho.

Acompanha uma sensação de estar fazendo a coisa certa, uma alegria com a gratidão! Quão poucos se dedicam a ajudar o próximo sem nunca receber um muito obrigado! Dos dez leprosos, ensina o Novo Testamento, apenas um voltou para agradecer.

Lembrei imediatamente do Natal. Não foi Jesus quem escolheu a "apóstola dos apóstolos", talvez injustamente considerada como prostituta por uma autoridade eclesiástica medieval, para dar a notícia aos apóstolos que ele continuava vivo após a morte do corpo? Não foi Maria, a de Magdala, a mulher corajosa cujas histórias foram contadas pelos evangelistas? Não foi ela a companheira da outra Maria, no sombrio momento do Gólgota, que enfrentou sem medo a soldadesca romana com sua presença claramente favorável ao Rabi Galileu?

E eis que do plano espiritual veio uma voz de mulher que nos agradeceu e comunicou que voltaria à vida, no mês em que lembramos que Jesus também reencarnou para nos instruir e ensinar o amor.

Feliz Natal a todos os que acompanham o Espiritismo Comentado! Possa a paz do aniversariante e a alegria dos pais invadir todas as casas nas celebrações da vida, da fé e da família.



23.12.15

POESIA DE MEIMEI SOBRE O NATAL




Fiquei aqui pensando o que publicar por época do Natal. Passei em revista as publicações dos outros anos e tive boas recordações. Reli uma mensagem ditada pelo Companheiro de Trabalhos em 2007:


Quase a publiquei novamente, até que recordei de uma mensagem de Meimei, que li na juventude e desejo compartilhar com o leitor.


Canção para Jesus

Desejava, Jesus,
Ter um grande armazém
De bondade constante
Maior do que os maiores que conheço
Para entregar sem preço
As criaturas de qualquer idade
As encomendas de felicidade
Sem perguntar a quem.

Eu desejava ter um braço mágico
Que afagasse os doentes
Sem qualquer distinção
E um lar onde coubesse
Todas as criancinhas
Para que não sentissem solidão.
Desejava, Senhor,
Todo um parque de amor
Com flores que cantassem,
Embalando os pequeninos
Que se encontram no leito
Sem poderem sair,
E uma loja de esperança
Para todas as mães.

Eu queria ter comigo
Uma estrela em cuja luz
Nunca pudesse ver
Os defeitos do próximo
E dispor de uma fonte cristalina
De água suave e doce
Que pudesse apagar
Toda palavra que não fosse
Vida e felicidade.

Eu queria plantar
Um jardim de união
Junto de cada moradia
Para que as criaturas se inspirassem
No perfume da paz e da alegria.
Eu queria, Jesus,
Ter os teus olhos
Retratados nos meus
A fim de achar nos outros,
Nos outros que me cercam,
Filhos de Deus
E meus irmãos que devo compreender e respeitar.

Desejava, Senhor, que a bênção do Natal
Estivesse entre nós, dia por dia,
E queria ter sido
Uma gota de orvalho
Na noite em que nasceste
A refletir,
Na pequenez de minha condição,
A luz que vinha da canção
Entoada nos Céus:
- “Glória a Deus nas Alturas,
Paz na Terra,
Boa Vontade em tudo,
Agora e para sempre!...”

Meimei / Chico Xavier


Feliz Natal a todos e obrigado pela companhia ao longo de 2015!

17.4.15

FESTA DE NATAL EM BELO HORIZONTE


Crianças no chão do auditório do Lar Espírita Esperança



Fui assediado por uma memória que teima em permanecer na mente. Junto com ela veio um sentimento bom, uma saudade alegre, que vou correr o risco de compartilhar com o leitor.

A Associação Espírita Célia Xavier faz há anos uma grande festa de Natal. É um esforço que envolve todas as reuniões (mais de oitenta, creio) e que gera cestas de natal para serem distribuídas pela comunidade que de alguma forma tem laços conosco. Cada reunião se responsabiliza por um item da cesta básica e fazem-se centenas de cestas. Creio que em seu auge, já chegou a milhares.

Para que a entrega das cestas não seja apenas uma entrega comum, a mocidade fazia uma peça teatral e cantava com o público. Dois meses treinando, e um domingo inteiro apresentando das oito da manhã às dez da noite, para um auditório cheio, com cerca de trezentas pessoas. Creio que com as deficiências de cenário, iluminação, roteiro e atores, éramos sem dúvida o grupo de teatro amador mais bem sucedido de Belo Horizonte (risos).

A experiência era notável. Geralmente vinham os pares de mãe e filho, ou mãe e amiga para ajudar a buscar a cesta, que chamávamos de farnel. Como era uma festa de natal, enquanto saía um grupo e chegava outro, cantávamos "Noite Feliz", o que evitava que as trocas se tornassem um momentâneo vozerio.

Quando iniciávamos o trabalho, Marlene Assis acolhia os visitantes, fazia-os levantarem-se, soltar o corpo, cantarem. Era mágico. Via mulheres entrando agarradas à sua bolsa, temerosas, olhando ao redor, mineiramente desconfiadas. Aos poucos elas estavam sorrido, muitas já com as falhas dos dentes, chinelo da havaianas, como se por um momento único pudessem voltar a brincar como crianças.

As peças costumavam fazê-las emocionar-se. Os roteiros eram histórias evangélicas, e os personagens eram galileus, romanos, judeus, homens e mulheres, que viveram há dois mil anos. Era comum ver o público chorar, olhar curioso e compartilhando cada cena com o coração.

Apesar da disciplina da saída, acontecia de alguém ir falar com os artistas, agradecer. "A cesta é um cafezinho que damos a vocês que nos visitam, dizia Marlene. O presente de verdade é esta festa."

Ao final nos reuníamos, exaustos, para comemorar o dia e fazer uma oração.

Houve no grupo quem criticasse o que fazíamos. Entendiam que se tratava de assistencialismo, que não promovia as pessoas. É verdade. Contudo, há horas que se deve parar de examinar apenas com a razão, e ampliar o olhar, para ver o significado das nossas ações para as pessoas.

Muitos anos depois, um espírito de nossa reunião, que era identificado como "Companheiro de Trabalhos", escreveu um conto no qual uma destas mães era a narradora. Para minha surpresa, minha colega do lado, na reunião, recordou-se da peça que acontecera daquele ano e me confessou: Eu fiz o papel de Maria.

24.12.14

O SOLSTÍCIO E O NATAL


Foto: No solstício de inverno, após a noite mais longa, o sol nasce entre as árvores.


Estamos na véspera do Natal, ou pelo menos da data que foi escolhida para comemorar o nascimento de Jesus Cristo. Parece que na história da igreja se escolheu o final de dezembro por ser a data do solstício de inverno europeu, a noite mais longa do ano.

Em Roma se comemorava o “Dies natalis invicti solis”, festa na qual os escravos agiam como se fossem homens livres. Nesta época também havia a Saturnália e uma festa que alguns autores consideram germânica e outros escandinava, o Yule. Nela o criador é representado como uma criança. Na exótica China antiga, uma cultura tão diferente da nossa, também se comemora a fertilidade.

No mundo católico, Júlio I ordenou que se fizesse uma pesquisa e decretou, no ano 350 que o 25 de dezembro seria a data do nascimento de Jesus. O imperador Justiniano, interessado no grande número de cristãos romanos, decretou feriado. Outra religião influente em roma o Mitraísmo, o culto do deus sol dos persas, que teria nascido no dia 25.

Não sou capaz de dizer quando teria sido o dia da manjedoura, o dia em que nasceu um mestre humilde, capaz de dividir a história apenas com suas palavras e ensinamentos. Ainda procuram algum fenômeno astronômico que pudesse explicar a estrela de Belém, mas prefiro me ater ao significado simbólico, de uma nova luz que se acende nos céus da humanidade. Há historiadores preocupados com o suposto censo decretado por César, que teria deslocado José e Maria, de Nazaré até Belém, a cidade do rei David de Israel, mas acho mais comedido entender que a realeza de Jesus não vem de Israel, mas do reconhecimento dos que aceitam sua mensagem como imperiosa, sem ser imperial. Também sou incapaz de avaliar a virgindade de Maria, semelhante às histórias antigas de mulheres que concebiam de deuses pagãos, então prefiro observar atentamente sua castidade interior e a angelitude de seus propósitos descrita pelo evangelista Lucas. Prefiro me ater à bênção da maternidade, uma instituição milenar na qual uma mulher passa a se dedicar ao filho de forma tão íntima e abnegada, que faz pensar em uma humanidade mais irmã e menos patroa.

Como o leitor pode ver, não sei muita coisa, mas sei que as famílias se reúnem, sei que as pessoas se saúdam, desejando felicidade umas às outras, que se faz um esforço para estar bem, uns com os outros. Vejo os carteiros levarem desejos de paz, saúde e até prosperidade. Vejo os telefones soando diferente, vencendo distâncias para levar uma palavra de alegria. Vejo as pessoas se acotovelando nas lojas para comprar presentes, mas vejo também que tentam encontrar algo que desperte um sorriso, que satisfaça a um pequeno desejo, que revele que eles se importaram.

E se nesta hora conseguimos, ainda que por um momento passageiro, construir uma experiência de paz e de trégua das coisas do mundo, vale a pena vivê-lo e compartilhá-lo. Os filmes contam histórias de pessoas que deixam de lado seus rancores e mágoas e tentam a reconciliação com antigos amores, parentes, pais, filhos, nesta época diferente. Quem sabe não seria uma oportunidade?

Como espírita, sei também que os mortos costumam aproveitar para falar de Jesus em nossos grupos e reuniões. Sei que à noite, mesmo no lar cristão mais simples, ergue-se uma prece em memória do filho de Maria. Sei que médiuns se emocionam, e que os grupos vivem uma experiência diferente. Quem sabe não encontramos um tempo em nossas assembleias para falar do Mestre? 

Em nossa casa já se distribuíram as cestas de natal, e se elas não mudaram a pobreza, acenderam uma luz fugidia nos olhos de quem sofre, e uma chama no coração de quem participou do milagre de sua construção e distribuição.

Desejo que todos os que leem esta crônica possam usufruir de um minuto memorável de encontro com Jesus, através do encontro amoroso e desinteressado com os homens.

24.12.13

LEITORES DO ESPIRITISMO COMENTADO: FELIZ NATAL!


Amigos, leitores. Sei que muitos de vocês já receberam a mensagem de Natal que escolhi, através do grupo Espiritismo Comentado, no Facebook. Mas como muitos de vocês são ligados apenas ao blog, não podia deixar de postar esta bela história, de cerca de 3 minutinhos, criada por um grupo do Sul do Brasil.

Quero agradecer de coração o incentivo que vocês me tem dado ao longo dos anos para continuar com este trabalho humilde. Poder compartilhar as descobertas, o aprendizado, as dúvidas, as emoções que brotaram no contato com pessoas e organizações, as palestras e estudos pelo Brasil, têm sido fonte de força e entusiasmo para continuar. Receber, de vez em quando, suas histórias, seus comentários, dúvidas, contribuições, pedidos de informação, entre as mais de mil participações registradas no EC, tem sido uma honra e uma alegria. 

Registrar que se lê as poucas palavras dos nossos posts nos Estados Unidos, em Portugal, na Europa Continental, no Reino Unido, no Japão, na Austrália, na Argentina, no Uruguai, nas ilhas do Caribe, no Canadá, e mais recentemente, na Rússia, na Índia, nas ilhas chinesas, em Moçambique e em Angola, em Cabo Verde, ou seja, nos cinco continentes, uns mais e outros menos, tem sido sempre motivo de surpresa e alegria.

Desejo a todos inspiração para viver mais e melhor, para conviver com intimidade e intensidade, para reviver coisas preciosas que se perderam na infância e no passado distante, e para recordar o significado da celebração do nascimento de Jesus em nós e compartilhar, não à distância, mas bem de perto, ao vivo, com as pessoas que se ama.

29.12.08

Cestas de Natal mobilizam jovens da AECX

Após dois meses de campanha entre os membros da Associação Espírita Célia Xavier, os jovens da mocidade e até membros da evangelização infantil se reuniram no Lar Espírita Esperança para montar as cestas de natal.

Este ano foram 478 cestas ao todo, confeccionadas em dois dias de trabalho. A distribuição se fará entre as famílias que são assistidas no Lar Espírita Esperança (222), na Casa de Etelvina em Citrolândia, município de Betim (200) e na Unidade Nova Luz em Rosaneves, município de Ribeirão das Neves (56).



Figura 1: Equipe da Evangelização trabalhou colocando objetos menores nas cestas.


Figura 2: Jovens da mocidade preparando as cestas de natal
Figura 3: Visão de Parte das Cestas Já Confeccionadas

24.4.08

Evento de Natal

Foto 1: Sede reformada da Associação Espírita Célia Xavier

Jáder Sampaio

Distribuição de cestas de Natal, Associação Espírita Célia Xavier, início da década de 80.

Comemorando o nascimento de Jesus, os membros da AECX se organizaram para oferecer uma festa aos assistidos e outros cidadãos de baixa renda.

Marlene Assis organizava o evento e distribuía atribuições entre os mais diferentes segmentos da casa espírita. Após uma campanha intensa com os associados, frequentadores, alunos do Reencontro Yoga e muitos membros da comunidade da capital mineira. O resultado foi um número superior a mil cestas, se não me falha a memória.

"- A cesta é apenas um presentinho nosso, uma lembrança", dizia Marlene aos grupos de mais de uma centena de pessoas que recebíamos no auditório da sede da Associação. "O mais importante é recebê-los."

Tornou-se uma tradição a mocidade da casa preparar um teatro sobre um tema evangélico. Muito amadorismo, mas muito boa vontade. As histórias impunham-se por si mesmas.

Voluntários revezavam-se ao longo do dia, alguns permaneciam horas e horas no período que compreendia as 8 da manhã e, não raro, as 10 da noite.

Marlene dava as boas vindas, fazia com que os participantes se levantassem, movimentassem, cantassem, descontraíssem. Alguns se emocionavam com as músicas, outros com a peça, alguns com as luzes. Alguns riam um sorriso com poucos dentes e muita gengiva.

A peça terminava e começava o adeus, sempre embalado por um orfeão desordenado composto de todos os voluntários que cantavam "Noite Feliz", até que o último convidado saísse do salão, colocasse sua lembrancinha às costas e voltasse para casa, cheio de algo incomum.

Neste ano em especial, foi-se formando uma pequena multidão ao redor da casa. Pessoas que não receberam convites souberam por conhecidos da distribuição de cestas e uma nuvem de descontentes ameaçava a integridade da casa.

Houve quem pensasse na polícia para conter as pessoas, mas o mal estar era iminente. Decerto que a iniciativa estava longe de resolver o problema social da capital mineira, que se manifestava.

Terminadas as festas e as "lembrancinhas", Marlene pediu que estimassem o número dos que estavam à porta. Más notícias. O número de cestas que havia sobrado era muito inferior ao número de pessoas.

Até hoje não sei que espírito a iluminou, talvez tenha sido mesmo a sua experiência e perspicácia. Marlene nos colocou a todos em fila dupla, entre as duas portas da AECX que existiam à época. Falou-se à massa que não havia cestas para todos, mas que cada um ganharia alguma coisa. Eles recebiam um pacote, ora de arroz, ora de feijão, ora de macarrão, sempre acompanhado de alguma coisa extra. Nós cantávamos, uma canção mais alegre, infantil, e cada um dos manifestantes passava igualmente sorridente em meio ao corredor de vozes que se formou O olhar antes desconfiado e amargo tornava-se infantil, vinha à tona alguma coisa perdida há muitos anos, do tempo da inocência.
Nós vimos, não sem algum assombro, a paz vencer por alguns momentos a violência.