6.3.08

Quem é o Espírita mais Querido de Minas Gerais?

Figura 1: Manoel Alves e Filhas. Da esquerda para a direita: Marilene, Maria Inês e Ismália.

Cemitério da Paz. Uma pequena multidão se aglomerava para prestar suas homenagens a Honório Abreu em um pequeno velório. Ao redor das edificações, em meio a jardins e corredores, espíritas que não se viam há muitos anos aproveitavam o momento para cumprimentar-se e rever-se. De muitas bocas eu ouvi a seguinte frase: Onde está Seu Manoel? Não posso deixar de vê-lo... Fiquei uns trinta a quarenta minutos ao seu lado, e espíritas dos mais diferentes centros espíritas e cidades paravam um minuto para cumprimentá-lo, abraçá-lo, receber ou dar notícias.
Quem é Manoel Alves? Como se tornou espírita?
Manoel Antônio Alves é natural de Belo Horizonte, da região do bairro Betânia, mas reside há muitos anos no Padre Eustáquio. Reencarnou-se em 18 de janeiro de 1925. Em 1951 foi diagnosticada uma esquistossomose. Os remédios para a doença eram trazidos da Alemanha e estavam sendo fornecidos para o Brasil de forma irregular, em decorrência do final da guerra.
Através do irmão de Chico Xavier, de nome André Luis, foi chamado a participar de uma reunião de tratamento com o médium de Pedro Leopoldo.
O Espírito Scheilla participou dos trabalhos de tratamento. Seu Manoel, com muito medo, ficou observando o Chico ajoelhado, fazendo uma prece, próximo a uma cama de solteiro com lençol branco.
Ele viu o surgimento de uma estrela luminosa, semelhante a uma estrela do mar, sobre a cama e o médium de Pedro Leopoldo falando ao irmão, com sotaque puxado ao alemão: "Manoelzinho vai morrer de medo!"
Ele relata que chegou a suar frio naquele primeiro contato com os espíritos.
Chico, mediunizado, saiu do quarto e colocou a estrela em sua mão. Era um objeto físico, tangível, envolto em uma substância luminosa. Em seguida, foram atendidas outras pessoas.
Manoel ficou curado da doença e das sequelas no fígado e no baço que começavam a apresentar sintomas. Em Uberaba, Scheilla ainda lhe indicou um medicamento para tratar prováveis lesões ainda existentes nos doís órgãos.
Após o tratamento, Manoel passou a estudar o Espiritismo e tornou-se um espírita convicto, atuante e, diga-se de passagem, rigoroso com o conhecimento espírita. Pessoalmente, é a criatura mais fácil de se afeiçoar, pelo bom humor, pelo tratamento gentil que dispensa a todos e o jeitinho mineiro de ser e de contar casos. Posteriormente, o Espiritismo Comentado vai apresentar mais da trajetória deste trabalhador da Doutrina nas terras mineiras.







Estresse e Problemas Financeiros


Veja entrevista do autor do blog na Rede Globo Minas sobre Estresse e Problemas Financeiros .
http://globominas.globo.com/GloboMinas/Noticias/MGTV/0,,MUL336469-9033,00.html

5.3.08

Qual é a diferença entre xenoglossia e glossolalia?





Figura 1: Foto de Ernesto Bozzano.













Ernesto Bozzano escreveu o livro Xenoglossia, traduzido por Guillon Ribeiro e publicado pela FEB desde 1939.

Xenoglossia é, segundo ele, a mediunidade poliglota, "pela qual os médiuns falam ou escrevem em línguas que eles ignoram totalmente e, às vezes, ignoradas de todos os presentes."

Muito antes de Charles Richet ter criado a palavra o fenômeno já era conhecido.

É famosa a passagem do livro dos Atos dos Apóstolos, no dia do Pentecostes, quando estrangeiros ouviram judeus pregando o evangelho nas suas próprias línguas.

Alexander Aksakof dedica vinte páginas de seu “Animismo e Espiritismo” descrevendo médiuns falando línguas que lhe são desconhecidas. Allan Kardec refere-se aos médiuns poliglotas, “capazes de escrever em línguas que lhes são desconhecidas”, e adiciona: “muito raros” Bozzano distingue corretamente a xenoglossia da glossolalia.

Nesta última “os pacientes sonambúlicos falam ou escrevem em pseudo-línguas inexistentes, elaboradas nos recessos de suas subconsciências”.

Os dicionários atuais, sob a influência da Psiquiatria, definem glossolalia como “uma linguagem fabricada e sem sentido, especialmente em estados de transe ou em certas síndromes esquizofrênicas”.

Há autores que utilizam o termo glossolalia para os dois fenômenos.

Uma bela discussão sobre a origem inconsciente ou mediúnica dos fenômenos de xenoglossia é travada entre René Sudre e Ernesto Bozzano no seu livro “Metapsíquica Humana”, capítulo IX, fenômenos de xenoglossia. Por mais polêmica que possa ser a origem do fenômeno, os autores que o estudaram confirmam a sua existência, e há pesquisas no final do século XX sobre a Xenoglossia, como é o caso do trabalho de Stevenson, de 1974.

Stevenson, I. - Xenoglossy: A Review and Report of a Case. Charlottesville: University Press of Virginia, 1974b. (Also published in 1974 in Proceedings of the American Society for Psychical Research, vol. 31.)

4.3.08

Kardec, Rivail e a Geração Espontânea


Figura 1: Pasteur e a neta Camille (Fonte: Os Cientistas, Abril Cultural)



O tema da geração espontânea tem sido debatido pelos espíritas hoje. Atribuem a Kardec a defesa desta teoria, geralmente citando a questão 46 de "O Livro dos Espíritos".


À época de Kardec, esta crença da antiguidade era popular entre os cientistas. A vida surgiria de gérmens, postos em condições propícias. "No século XVII, o médico belga, Van Helmont, descobridor do suco gástrico, afirmava que da reunião de uma camisa suja com pedaços de queijo poderiam nascer camundongos". Francesco Redi fez experimentos melhor controlados e concluiu que as larvas que nasciam da carne putrefata nasciam de ovos depositados por outros animais da mesma espécie (moscas). Leeuwenhoek revelou a existência de microorganismos a partir do uso de microscópios.

Pasteur mostrou que o ar contém corpúsculos organizados, e que os microorganismos que surgiam nos líquidos não fervidos, "não eram oriundos do nada, mas descendentes de outros organismos similares". Em 1864, Pasteur e Pouchet, este último defensor da geração espontânea, estavam submetendo seus resultados experimentais à Academia de Ciências. (Fonte: Os Cientistas, cap. 29, Louis Pasteur)


Como toda obra filosófica, a obra de Kardec não deveria ser estudada em migalhas, mas sempre com uma visão de todo. Os demais livros da codificação, desenvolvem idéias apresentadas sinteticamente em "O Livro dos Espíritos".

Em "A Gênese" e no volume de Julho de 1868 da "Revista Espírita", Kardec desenvolve melhor a questão.
Gostaria de chamar a atenção dos leitores a algumas frases pouco citadas:

"Param aí, por enquanto, as investigações: desaparece o fio condutor e, até que ele seja encontrado, fica aberto o campo a hipóteses. Fora pois, imprudente e prematuro apresentar meros sistemas como verdades absolutas." (parágrafo 22, do capítulo X da Gênese)


"No estado atual dos nossos conhecimentos, não podemos estabelecer a teoria da geração espontânea permanentemente, senão como hipótese, mas como hipótese provável e que um dia talvez tome lugar entre as verdades científicas incontestes." (parágrafo 23 do capítulo X da Gênese)

A seguir encontram-se excertos do texto "A geração espontânea e a Gênese", publicada na Revista Espírita de julho de 1868, comentando os debates sobre a posição de Kardec na Gênese.

"Em nossa obra sobre a Gênese, desenvolvemos a teoria da geração espontânea como uma hipótese provável. Alguns partidários absolutos desta teoria admiraram-se que não a tenhamos afirmado como princípio. A isto respondemos que se a questão está resolvida para uns, não o está para todos, e a prova é que, a respeito, a ciência ainda está dividida. Aliás, ela é do domínio científico, onde o Espiritismo pode entrar, mas onde nada lhe cabe resolver de maneira definitiva, naquilo que não é essencialmente seu campo."

"Pelo fato de o Espiritismo assimilar todas as idéias progressistas, não se segue que ele se faça campeão cego de todas as concepções novas, por mais sedutoras que apresentem à primeira vista, com o risco de, mais tarde, receber um desmentido da experiência, e de se dar ao ridículo de haver patrocinado uma obra inviável. Se não se pronuncia abertamente sobre certas questões controvertidas, não é, como poderiam supor, para poupar os dois partidos, mas por prudência, e para não se adiantar levianamente num terreno ainda não suficientemente explorado." (...)

"A questão da geração espontânea está neste número.
Pessoalmente é para nós uma convicção e se a tivéssemos tratado numa obra comum te-la-íamos resolvido pela afirmativa; mas numa obra constitutiva da doutrina espírita, as opiniões individuais não podem se fazer lei; não sendo a doutrina baseada em probabilidades, não podíamos resolver uma questão de tal importância, apenas surgida, e que ainda está em litígio entre os especialistas." (itálicos nossos)

"Então, quando formulamos um princípio é que nos temos assegurado, de início, o assentimento da maioria dos homens e dos Espíritos." (...)

"Deixemos, pois, o materialismo estudar as propriedades da matéria; tal estudo é indispensável, e será feito: o espiritualismo não terá mais que completar o trabalho no que lhe concerne. Aceitemos suas descobertas e não nos inquietemos com suas conclusões absolutas, porque sua insuficiência, pata tudo resolver, uma vez demonstrada, as necessidades de uma lógica rigorosa concluirão forçosamente pela espiritualidade. (...)"

Como se pode concluir, Rivail era convicto partidário da geração espontânea, que defendeu criticando os principais experimentos da época, favoráveis à hipótese oposta. Vale a pena ler o resto do capítulo da Revista Espírita.

Apesar de partidário, ele soube distinguir sua opinião pessoal da posição da Doutrina Espírita. Ele não afirmou a geração espontânea como princípio, no que foi criticado pelos adeptos desta teoria, e mostrou que o tema estava longe de ser resolvido pela ciência de sua época. Kardec, portanto, manteve a dúvida e o caráter hipotético da geração espontânea, se considerarmos todos os seus escritos sobre o tema e não apenas os rápidos ensaios da codificação.
O avanço das Ciências Naturais mostrou que Rivail estava errado, mas que Kardec foi prudente.

Em matéria de Espiritismo, vale a pena estudar mais profundamente, antes de emitir opinião.

2.3.08

Ivan de Albuquerque e o Jovem

Figura 1: Ivan de Albuquerque
Ivan de Albuquerque tornou-se espírita na infância, influência de sua família, especialmente sua mãe. Passando por dificuldades financeiras, optou por trabalhar após a conclusão do equivalente ao nosso ensino fundamental para custear os estudos do irmão. Trabalhou como enfermeiro e tornou-se jovem expositor espírita, após estudar as obras a sua disposição, especialmente Allan Kardec e Léon Denis. Jovem, idealista e cristão, fez amizades no círculo dos trabalhadores espíritas das cidades do interior de São Paulo e dedicou sua juventude aos hansenianos, aos pobres, velhos e presidiários. Intimorato, visitava os hansenianos, abraçando-os e bebendo do mesmo copo. Certo dia solicitado a socorrer uma gestante em contrações de parto, atravessou a nado o rio Piracicaba para atender ao pedido da família. Foi detido e internado no Juqueri por autoridades policiais por panfletar o Espiritismo no Congresso Eucarístico (Araçatuba). Abatido, mas cheio de fé, continuou falando para os enfermos e para a equipe até que foi descoberto o paradeiro pela família e retirado do injusto internamento. Fundou uma cooperativa agrícola em Itaberá. Desencarnou jovem, aos 28 anos, em um acidente acontecido em um trem, rumo a Marília, onde faria uma palestra.


Figura 2: Cântico da Juventude

Após sua desencarnação já deu comunicações através de médiuns reconhecidos, mas trouxe aos jovens espíritas um "livro de cabeceira", para ler e meditar, sobre temas atuais de interesse à juventude, publicado pela Editora Fráter. Meu livro já se encontra desgastado pelo uso, mas o considero ainda contemporâneo e importante para as novas gerações, que devem discuti-lo em conjunto, nas reuniões de mocidades, aos poucos, para apreender o universo deste jovem espírito antigo que como Francisco de Assis, não resistiu à loucura da vivência do cristianismo em uma sociedade mercantil.

Espiritismo Comentado: Acessos de 25 países

Figura 1: Mapa Mundi de 1798

O Espiritismo Comentado continua crescendo e ampliando fronteiras. No mês de fevereiro, foram mais de 2000 acessos, média de 44 visitantes diferentes por dia. Os países que mais acessam o blog são o Brasil, Estados Unidos e Portugal. Vamos começar a publicar, vez ou outra, matérias bilingues, para atender a um público maior. Além destes três países, os que foram registrados pelo nosso contador de acessos são os seguintes:

Das Américas: México, Canadá
Da Europa: Itália, Alemanha, Espanha, Áustria, Reino Unido, Dinamarca, Romênia, Finlândia, França, Holanda, Turquia, Suiça, Luxemburgo
Da Ásia: Japão, Ucrânia, Índia, Malásia, Cingapura
Da África: Moçambique e Angola

1.3.08

Programação do IV Congresso Espírita Mineiro

Princípios do Espiritismo por Amália


Amália Domingo Soler, em debate com o Bispo Dom Vicente Manterola, escreveu inspirada:

Cremos na existência de DEUS, na imortalidade e na preexistência da alma, na reencarnação.
Cremos no progresso indefinido, na prática do bem no trabalho como forma de realizá-lo.
Cremos nas recompensas e expiações futuras em razão dos atos voluntários, reabilitação e meta final para todos.
Cremos na comunicação universal dos seres, comunicação com o mundo dos espíritos, provada por fatos que são a demonstração física da existência da alma.
Cremos que devemos caminhar para Deus pelo amor e pela ciência, e ter fé racional, esperança, resignação e caridade para com todos.

Extraído do Livro "Contos Espíritas", de Amália Domingo Soler, publicado pela USE/MADRAS ESPíRITA. Em memória a Eduardo Carvalho Monteiro.

“Creemos en la existencia de Dios, en la inmortalidad del alma, en la preexistencia y en las reencarnaciones”.
“Creemos en la pluralidad de mundos habitables y habitados”.
“Creemos en el progreso indefinido, en la práctica del bien y el trabajo como medio de realizarlo”.
“Creemos en las recompensas y expiaciones futuras, en razón de los actos voluntarios, rehabilitación y dicha final para todos”.
“Creemos en la comunicación universal de los seres, comunicación con el mundo de los espíritus, probada por los hechos que son la demostración física de la existencia del alma”.
“Creemos que debemos ir hacia Dios por el amor y por la ciencia, y tener fe racional, esperanza y resignación y caridad para todos”.
¿Puede este credo conducirnos al mal, señor Manterola? Usted dirá que sí, que es el credo de Satanás; pero nosotros creemos que es el de la razón.

http://www.luzespiritual.org/Libros/Replicas1.pdf , "El espiritismo refutando los errores del Catolicismo romano"

Bezerra de Menezes escreve no Reformador em 1895


Canuto Abreu transcreveu e comentou o editorial do Reformador escrito por Bezerra em 1895, período em que os espíritas se dividiam por questões de interpretação do caráter do Espiritismo. O tema dá o que pensar nos dias de hoje, por esta razão, passo a transcrever o editorial do então Presidente da FEB.

"É para lastimar que, tendo-se difundido admiravelmente no Brasil as idéias espíritas de modo a não haver ninguém que não as aceite, seja a sua propaganda feita sem ordem nem sistema.

Nos Estados há grupos dispersos... Na Capital as associações estão desligadas... Empregam-se, nos Estados principalmente, métodos inconvenientes, tudo à falta de unidade de vistas... Cada grupo tem sua orientação...

Tudo progride e parece-nos que já é tempo de entrar o Espiritismo, entre nós, em nova fase analítica de que deverá subir à sintética, que unificará o Espiritismo no Brasil com o de todo o mundo.

Para passarmos do estado de confusão, em que nos achamos, ao de ordem bem regulada, para chegarmos ao de sistema que será o último trabalho humano, faz-se mister uma séria e bem compreendida organização.

Sem harmonia de ação, sem o concurso harmônico dos grupos entre si, o Espiritismo não fará mais progresso no Brasil, não passará de uma crença sem base, variante de indivíduo a indivíduo.

A união faz a força. Organização e organização, é a palavra que parte de todos os lábios, é a idéia que paira em todos os pensamentos, porque é chegada a hora de passarmos da fase sincrética à fase analítica, como acima indicamos.

Aceitamos, pois, de boa vontade, como nos cumpre, as inspirações que nos dão os prepostos do Senhor, incumbidos de desenvolver o Espiritismo no Brasil. Organizemos.

Para organizarmos é preciso, primo, ligar em uma grande falange os trabalhadores: segundo, regularizar metodicamente o seu trabalho. No próximo número daremos o plano de organização."

(Extraído do livro Bezerra de Menezes: Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o ano de 1895. Escrito por Silvino Canuto Abreu. Edições FEESP)

28.2.08

Como Pesquisar no Blog "Espiritismo Comentado"

Figura 1: Cortesia de Marcus Vinícius Papa Lobo.

Muitos leitores do Espiritismo Comentado têm perguntado como encontrar postagens (publicações) antigas. O Blogspot oferece diversos recursos para encontrar o assunto que você deseja no EC. Hoje irei explicar como utilizar o instrumento de busca.

1.Observe a régua acima da primeira publicação da página do blog.

2. Ao lado do símbolo do Blogspot você encontrará uma caixa de pesquisa (um espaço quadrado branco para digitação), ao lado da informação "Pesquisar Blog"

3. Digite na caixa uma palavra ou expressão que você pretende pesquisar. Ex: Mediunidade, Honório, Dolores Bacelar, Universidade, Tese, etc.


4. Se você tiver uma determinada publicação em mente, escolha palavras que certamente estarão nela mas que dificilmente se encontrarão em outras publicações ("posts").

5. Clique em "Pesquisar Blog".

6. Após alguns instantes, as publicações abaixo serão substituídas por todas as que contém as palavras que você mandou pesquisar no Espiritismo Comentado.

24.2.08

Reuniões do Conselho e Assembléia da AECX


Foto 1: Conselho Diretor da Associação Espírita Célia Xavier

Reuniu-se em 24 de fevereiro o Conselho Diretor da Associação Espírita Célia Xavier para analisar a prestação de contas, o relatório das atividades das quatro unidades da AECX e discutir projetos. Escolhi alguns dos temas discutidos para divulgação:
- As oficinas do Lar Espírita Esperança foram transferidas para a Casa de Etelvina e Nova Luz. Demandam-se voluntários nestas unidades para torná-las plenamente funcionais.
- O Lar Espírita Esperança fez convênio com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais e irá oferecer em 2008 um curso de Eletricidade Básica aos interessados. Será instalada uma oficina do CEFET nas instalações do LEE. O curso ocorrerá aos sábados, voltado a pessoas de baixa renda a partir de 14 anos que desejam se profissionalizar. Haverá, em princípio, 20 vagas.
- A Mocidade da AECX fará 40 anos em 2008. Está em curso uma programação de atividades de comemoração da data. Informem-se.
- Os dirigentes de reuniões públicas irão empenhar-se na identificação de novos talentos na AECX para o crescimento das atividades.
- A Evangelização Infantil unificou turnos na sede, ampliou o número de crianças assistidas e fortaleceu a equipe. As aulas acontecem agora aos sábados das 9:00 às 10:30 h. As equipes do Lar Espírita, Citrolândia e Nova Luz necessitam de voluntários porque estão evangelizando mais crianças.
- A arrecadação da casa aumentou, mas as despesas também em função da folha de pagamentos, taxas de serviços e outros itens. A arrecadação é importante para conseguir recursos para a promoção social, manutenção patrimonial e realização de projetos. A diretoria irá estudar alternativas para o problema.
- Apesar das dificuldades de arrecadação, o balanço da casa foi superavitário em 2008.
- Estão encerradas as obras de ampliação da Casa de Etelvina em Citrolândia - Betim. Elas coincidiram com um grande aumento populacional da região, o que proporcionará uma perspectiva nova de trabalho e estudos espíritas para a comunidade.
- 2008 será o ano de obras em Nova Luz. A unidade, na região de Ribeirão das Neves terá uma atenção especial da Associação para com suas instalações e perspectivas.
- O Departamento de Educação de Adultos adotou o tema "Unificação do Espiritismo" para o ano de 2008.
- Universidade de BH fará projeto de comunicação social na Associação Espírita Célia Xavier

Sequente à reunião do Conselho, realizou-se na sede da Associação a reunião da Assembléia Geral que aprovou as contas por unanimidade e acompanhou com atenção a apresentação do relatório de atividades de 2008.

23.2.08

Espiritismo e Parapsicologia


Publicamos no Anuário Histórico Espírita de 2003, organizado pelo Eduardo Carvalho Monteiro, o trabalho "Espiritismo e Parapsicologia: Fronteiras e Limites". O objetivo do trabalho é tentar mostrar as conexões entre estes movimentos de produção de conhecimento sobre o espírito e as faculdades humanas raras e pouco conhecidas pelas ciências naturais.
Houve diversos movimentos culturais anteriores, que influenciaram de uma forma ou outra a constituição, linguagem e metodologia de abordagem destes campos do conhecimento.
A figura no início desta publicação sintetiza o escopo do trabalho.
Para uma leitura mais detalhada, recomendo o Anuário que traz muitos artigos de qualidade e interesse à história do movimento espírita. http://www.candeia.com/produto.asp?section=1&id=8479



22.2.08

Correio Fraterno de Cara Nova


O jornal "Correio Fraterno", publicado bimestralmente pela Editora Espírita Correio Fraterno, está com nova diagramação.
O tradicional preto-e-branco cedeu lugar para cores na primeira e quarta capas, deixando o jornal mais leve e atraente. A diagramação interna mudou, como no caso da seção de notícias do movimento, que ganhou ícones e ficou de leitura mais fácil.

O conteúdo continua com a mesma qualidade, informativo, analítico, atual e variado, atendendo a diferentes grupos de interessados no conhecimento da doutrina e do movimento espíritas.

Parabéns à equipe pela evolução do jornal. Longa vida ao Correio Fraterno.



21.2.08

IV Congresso Espírita Mineiro



No centenário de fundação da União Espírita Mineira, será realizado o IV Congresso Espírita Mineiro, no Minascentro, em Belo Horizonte, durante os dias 03 a 06 de abril de 2008.

Na programação encontram-se expositores e autores como Nestor Massoti (Presidente da FEB), Marival Veloso (Presidente da UEM) Divaldo Franco, Juselma Coelho, Marta Antunes Moura (FEB), Manuel Tibúrcio (Ituiutaba), Gilson Freire, Suely Caldas Schubert (Juiz de Fora), Wagner Gomes da Paixão (Mário Campos), Haroldo Dias, Oswaldo Moreira, Magda Abreu, Célio Allan Kardec e Simão Pedro (Patrocínio-MG).

As inscrições podem ser feitas on-line, pelo correio ou por fax.

Até 29 de fevereiro o valor das inscrições é de 40 reais, a partir de março, o valor passa a ser 50 reais. As vagas são limitadas.

20.2.08

Espiritismo e Universidade: 20 Casos Prováveis de Reencarnação


Vinte casos prováveis de reencarnação é um livro baseado em publicações realizadas nos anais da Sociedade Americana de Pesquisas Psíquicas, escrito por Ian Stevenson (leia sobre ele no site da Universidade de Virgínia, clicando no título deste "post") Ele selecionou casos estudados por sua equipe em países muito diferentes: Índia, Ceilão, Brasil, Estados Unidos (índios do Alaska) e Líbano.

A base de sua pesquisa são crianças pequenas com memórias espontâneas de outras vidas, que ele passa a investigar.

Suas conclusões são as seguintes:

1) A fraude é improvável, devido ao extenso número de testemunhas em muitos dos casos e a falta de motivação aparente.
2) A tese da criptomnésia (termo criado por Flournoy que significa memória inconsciente) explicaria alguns dos casos com menos evidências, mas é insuficiente para os casos de relatos mais detalhados, nos quais haveria uma identificação da criança com a personalidade recordada, antes dos sete anos de idade, sem qualquer sinal de alteração da consciência e com relato de informações muito íntimas.
3) Percepção Extra-Sensorial explicaria alguns dos casos, mas é uma tese muito tímida para cobrir todos os fatos dos casos mais detalhados. Ela explicaria o acesso, mas não a organização das informações pelas crianças, nem explica a apresentação de habilidades não desenvolvidas na vida presente, muito menos a identificação da criança com a personalidade do morto por anos a fio.
4) A tese da "possessão" (subjugação, em linguagem kardequiana), explicaria a apresentação de habilidades não aprendidas, mas não explica bem a sensação de relembrar que as crianças apresentam e relatam.
5) As marcas de nascença também depõem a favor da tese da reencarnação, embora em muitos dos casos elas não se apresentem.

Stevenson pesquisou centenas de casos ao longo de sua carreira acadêmica, o que se pode ler na autobiografia publicada por ele na Revista de Psiquiatria da USP, volume 34, suplemento 1, 2007.

O livro foi traduzido para o português na década de 70 (Herculano Pires?) e publicado anos a fio, até que a editora o retirou de catálogo.

19.2.08

Wallace e o Juiz Edmonds




Três homens de ciência anglo-saxões foram destacados na revisão que Alfred Russel Wallace fez do "estado da arte" do espiritualismo moderno: Augustus de Morgan (University College of London), o Juiz Edmonds (Nova York) e Robert Hare (Universidade da Pensilvânia) Ele reproduziu um trecho de carta de Edmonds publicada no "New York Herald" em 1853: "Iniciei as pesquisas pensando em uma ilusão e em tornar pública a minha explicação desta. Tendo chegado, a partir de minhas pesquisas, a uma conclusão diferente, sinto que a obrigação de tornar conhecido o resultado é tão justa quanto imperativa."

16.2.08

Espiritismo e Universidade: Médicos, Médiuns e Mediações


Figura 1: Fotos do Instituto Bairral

Eveline Stella de Araújo defendeu dissertação de mestrado em 2007 intitulada "Médiuns, Médicos e Mediações". É um trabalho antropológico no qual ela emprega o método etnográfico para discutir a mediação entre o "código médico e o espírita" por profissional médico e espírita.


Eveline pesquisou hospitais, associações médico-espíritas, eventos médico-espíritas e descreve as práticas em um centro espírita.


A autora tenta durante o seu discurso "afastar-se" do movimento espírita, o qual parece conhecer de dentro de casa (um abraço ao Napoleão, nosso colega-pioneiro da LIHPE e à sua esposa Elci). Ela mosta domínio dos principais autores antropólogos e de ciências humanas e sociais que trabalharam com o Espiritismo no Brasil em sua revisão.


Temos pontos de divergência e convergência, que não apresentarei no momento, quem sabe em uma publicação futura.


O movimento espírita merece conhecer este trabalho. Basta clicar no título deste "post" e baixar gratuitamente a dissertação da Universidade Federal do Paraná em pdf.

Leopoldo Machado e Marília Barbosa


Procurei o livro "Graças sobre Graças" de Leopoldo Machado para extrair alguma das situações que ele viveu em visita a Belo Horizonte.

De Chico Xavier a Martins Peralva, passando por inúmeros espíritas que antecederam a nossa geração, a crônica do arauto de Nova Iguaçu recupera usos e costumes do movimento espírita da época.

Contudo, detive-me na segunda parte do livro, que trata da desencarnação de Marília Barbosa, esposa de Leopoldo. Ele nos abre algumas de suas vivências, de forma transparente e corajosa.

Encurtando a história, Dona Marília desencarnou de câncer, em uma época na qual a medicina tinha parcos recursos. Durante sua doença, manteve-se viva e ativa quanto pode. Operou-se na Casa de Saúde Santo Agostinho, mantida pela Associação Espírita Obreiros do Bem. "Anestesiada a gases aspirados" viu uma estrada muito ampla, com a figura luminosa do Cristo que a chamava com o braço direito, dizendo: - Vem! Após despertar, ela disse: "Preferi viver mais, para fazer muito bem a muita gente!"

Ainda hospitalizada, recebeu a visita de Lins de Vasconcellos e Campos Vergal. Os dois e Leopoldo combinaram os planos para a realização do Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil.

Leopoldo narrou diversos eventos dos quais ela participou até a desencarnação.

Emocionou-nos o episódio que passo a transcrever:

"Uma tarde, abrindo os olhos de um ligeiro sono narcótico, deu conosco ao lado do seu leito, com os olhos em lágrimas.

- Você chorando? Você não é homem para choro!

- Quem pode vê-la assim, que lhe queira bem, e não chore! Perdoe, sim!

- Não pensei que você fosse tão meu amigo!"

Marília desencarnou em 1949 pedindo a Leopoldo: ..."não me deixem canonizar!"

O leitor minimamente informado vai se recordar do Lar de Jesus em Nova Iguaçu, de sua participação operosa e respeitada nesta comunidade e de sua presença silenciosa no movimento espírita.

Minha alma se cala, em sinal de respeito.

14.2.08

Espiritismo e Universidade: A FEB sob a Análise Antropológica



As Universidades têm se interessado pelo Espiritismo em diversos aspectos. Uma das abordagens mais produtivas tem sido a antropológica. Contam-se às dezenas os livros e teses escritas sobre o movimento espírita no Brasil e na França.

Um dos trabalhos mais comentados, agraciado com o Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa de 1995 foi a tese, depois publicada como livro com o seguinte título: "O Cuidado dos Mortos: Uma História da Condenação e Legitimação do Espiritismo." Foi escrita pelo professor Emerson Giumbelli, hoje na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Fui presenteado pelo Milton Piedade, a quem agradeço de coração, e depois tive contato pessoal com o autor na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.

O livro é muito rico para ser apresentado por uma publicação de "blog". Giumbelli fez um estudo histórico e etnográfico buscando compreender a delimitação de fronteiras e identidades entre o Espiritismo, tendo por objeto a Federação Espírita Brasileira, no período entre 1890 e 1950, no Rio de Janeiro, e o conflito com outras instituições, como a policial, a jurídica e a medicina.

Deixo o leitor com o parágrafo de justificativa do autor:

"A impressão a que se chega depois de uma incursão pela literatura antropológica, sociológica e historiográfica dedicada ao Espiritismo é a de sua insuficiência diante de sua importância cultural, social e histórica do assunto em questão. Estatísticas oficiais e outras estimativas apontam a existência de 2 a 4 milhões de adeptos espíritas no Brasil, reunidos em torno de milhares de centros de culto, sem contabilizar os outros milhões de pessoas que, mesmo não se identificando como tal, frequentam suas práticas. Sabe-se também do grande número de iniciativas e instituições filantrópicas organizadas e conduzidas por espíritas, cujos benefícios, ainda pouco avaliados, atingem um contingente significativo de pessoas. Conhece-se o extraordinário volume de publicações espíritas - desde periódicos até as mais diversas obras doutrinárias - que inundam mesmo as mais desconhecidas livrarias e o imenso prestígio e carisma que detém personagens como o "médium" mineiro Chico Xavier, cuja fama ultrapassa as fronteiras nacionais." (GIUMBELLI, Emerson. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1977. 326 p.)



13.2.08

Espiritismo Comentado em Quatro Continentes


O contador de acessos do Espiritismo Comentado continua registrando novos visitantes de lugares diferentes. Em fevereiro de 2008 ele apontou acessos oriundos dos seguintes países:

Malásia, Cingapura, Índia, Dinamarca e Luxemburgo

Além destes, os acessos de países que já nos visitaram anteriormente continuam: Alemanha, Áustria, Espanha, Estados Unidos, Itália, Portugal e Reino Unido. Os países estrangeiros com mais acessos registrados são os Estados Unidos e Portugal. Neste mês não tivemos nenhum acesso da África, o que já se constatou anteriormente.

Infelizmente ainda não temos acessos dos demais países da América Latina, que sabemos ter uma comunidade espírita bastante atuante.

Agradecemos aos amigos anônimos que têm indicado o blog em seus sites, blogs e através do RSS, bem como os que têm comentado e proporcionado discussões e depoimentos interessantes na seção de comentários das publicações ("posts").

Já chegamos aos 6000 acessos.



12.2.08

VIII COJEREME


Realizou-se na Escola Sindical, em Contagem - MG a VIII Confraternização dos Jovens Espíritas da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O tema do encontro foi 150 anos de Doutrina Espírita, o mesmo que os demais encontros da região.

Nos dias do carnaval de 2008, participaram 66 jovens (com idade média de 31 anos), em regime de internato, estudaram a constituição, história e visão do Espiritismo como filosofia de vida. A participação de jovens oriundos de 30 casas espíritas de Belo Horizonte, Contagem, Sabará, Timóteo, Vitória e São Paulo possibilitou um rico diálogo e troca de experiências.
Segue a lista dos Centros Espíritas participantes:

Albino Teixeira
Amigos de Jesus
Bezerra de Menezes
Caminhos de Luz
Cárita
Casa do Caminho
Célia Xavier
Cenáculo
Emmanuel
Francisco de Assis
Gênesis
Gotas de Luz
Helil
Herdeiros de Jesus
Irmã Scheilla
Irmão Eustáquio
Irmão Frederico
Irmão Glacus
Irmão Wernner
Ismael
Loreto Flores
Luz e Humildade
Manoel Felipe Santiago
Maria Francisca Rocha
O Consolador
Paulo de Tarso
Poder da Boa Vontade
SEMAN
Servos de Maria de Nazaré
União Espirita Mineira

Além de estudos, o evento contou com momentos de teatro, música e atividades diversas.

Veja a foto de alguns participantes em espaços diversos que as instalações da Escola Sindical proporcionaram:



Curiosidades: O Precursor da União Espírita Mineira


Antes da Fundação da "Federação Espírita Mineira" em 1908, criou-se em 1o. de Outubro de 1902, a União Espírita de Belo Horizonte. Este órgão foi fruto da articulação dos seguintes espíritas de então:


- Dr. Teixeira de Magalhães

- Dr. Antônio Teixeira Duarte

- Modesto Lacerda

- Felicíssima Teixeira

- Manuel Felipe Santiago

- Joaquim Menezes

- Arthur Quites (1o. Presidente)

- Turiano Pereira (Vice-Presidente)

- Manuel Bento Alves (Secretário)

- Oscar Pereira (Tesoureiro)

- Antônio Gomes da Silva (Procurador)


Alguém tem alguma foto, notícia ou outra informação sobre os fundadores?


Fonte: História da União Espírita Mineira (mimeo)

Documento apresentado por Pedro Valente no Seminário "Histórico do Espiritismo: Europa, Brasil e Minas Gerais", no Lar Espírita Esperança em 10 de março de 1996. Organização: Associação Espírita Célia Xavier, Instituto de Cultura Espírita do Estado de Minas Gerais e União Espírita Mineira.

Doutrinação ou Atendimento?

Foto 1: Capa da Primeira Edição do Diálogo com as Sombras

Élcio Pires nos enviou a seguinte questão:
Gostaria de ouvir você sobre nossa ação numa reunião mediúnica. Como médium, DOUTRINAMOS, ou ESCLARECEMOS um Espírito que se manifesta a procura de ajuda? O termo “doutrinar”, pode levar a idéia de impor “algo a alquém”? Ou, nesse ato, “doutrinar ou esclarecer” acabam tendo o mesmo sentido? Qual sua opinião?

Hermínio Miranda no livro "Diálogo com as Sombras" (FEB) afirma que doutrinar é "instruir em doutrina ou , simplesmente, ensinar". Na página 67 ele discorre sobre os problemas que o termo doutrinador traz:

- "... o espírito que comparece para debater conosco os seus problemas e aflições, não está em condições, logo aos primeiros contatos, de receber instruções doutrinárias, ou seja, acerca da Doutrina Espírita, que professamos, e com a qual pretendemos ajudá-lo. Ele não vem disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao aprendizado, como ouvinte paciente ante um guru evoluído. Muitas vezes ele está perfeitamente familiarizado com inúmeros pontos importantes da Doutrina Espírita. Sabe que é um Espírito sobrevivente, conhece suas responsabilidades perante as leis universais, admite, ante evidência que lhe são mais do que óbvias, os mecanismos da reencarnação, reconhece até mesmo a existência de Deus.(...)
Portanto, o companheiro encarnado, com quem estabelece o diálogo, não tem muito a ensinar-lhe, em termos gerais de doutrina. "

Ele continua o capítulo tratando das qualidades e perfil do doutrinador. Apesar de criticar o termo, não o substitui.

Em nosso grupo, insatisfeitos com o termo doutrinador, utilizamos a palavra atendente e atendimento, que é mais próxima da idéia de atendimento psicológico e que tem suporte nas obras de André Luiz, que faz uso do termo atendente. Entendemos que o papel da pessoa que conversa com os espíritos é atendê-los, como faz um psicólogo em sua clínica. Devemos às vezes esclarecer, raramente instruir em doutrina, evitando a posição professoral ou do sacerdote exorcista.

Quanto à etimologia da palavra doutrinar, ela pode assumir o sentido de ensinar compulsoriamente e até mesmo punir, como nos mostra o mestre Houaiss:
v. (1344 cf. IVPM) 1 t.d.int. formular, transmitir, pregar doutrina ou nela instruir alguém; ensinar 2 t.d. incutir em (alguém) opinião, ponto de vista ou princípio sectário; inculcar em alguém uma crença ou atitude particular, com o objetivo de que não aceite qualquer outra 3 t.d.int. ant. educar, corrigir com castigo 4 t.d. ant. fazer adestramento de; amansar, amestrar ¤ etim doutrina + -ar; ver doc(t)- ¤ sin/var adoutrinar; ver tb. sinonímia de instruir ¤ ant desdoutrinar ¤ par doutrinaria(1ª3ªp.s.)/ doutrinária(f.doutrinário[adj.s.m.])

Tenho certeza que com todo este cuidado linguístico, não adianta nada dizermos que atendemos se continuamos a impor pontos de vista ou ensinar doutoralmente e não há problema em se dizer que se doutrina espíritos, desde que o sentido esteja associado ao exercício do Ágape Paulino.

Figura 2: Dedicatória do Livro feita pelo autor a José Mário Sampaio

10.2.08

Mais um poema de Damasceno Sobral

Inspiração




Pudesse eu contaminar a humanidade inteira
desta paz, desta harmonia,
deste desejo do belo,
do infinito
e eterno
que me transbordam a alma neste momento...

Fosse dado a minha voz
se fazer ouvir nos quatro cantos do planeta
repetindo
o que me chega do "Outro Mundo",
em forma de murmúrios...

Tivesse eu o dom
de vos descrever com palavras
a integridade de minhas inspirações...

...e, certo, o mundo se transformaria!

Extraído do livro "Almas Libertas (poema). Divinópolis, 1949.

9.2.08

A Desencarnação de Allan Kardec


Por mais estranho que possa parecer, a desencarnação de Kardec tem sido objeto de polêmicas.


Discutia-se a causa da morte, discute-se a data em que ocorreu, talvez no futuro se venha a discutir se ele existiu mesmo, como o fazem hoje com Jesus.


Este tipo de debate põe em questão a credibilidade que devemos ter com relação aos fatos da vida de Kardec. Quanto menos soubermos, mais se pode especular e fantasiar a seu respeito, criando-se versões diversas sobre quem foi, qual era seu caráter e qual é a validade de sua obra.


No princípio, não entendi direito por que o Jorge Damas e seu companheiro de estudos Stênio Monteiro de Barros haviam publicado um livro basicamente comentando as certidões de nascimento, óbito e casamento de Kardec. Depois, acompanhei o Dr. Paulo importando e expondo no Museu Espírita de São Paulo, situado à Rua Guaricanga, no tradicional bairro paulistano da Lapa, estes documentos.


Agora vejo que, se os documentos podem não expressar "a verdade", sua existência exige dos críticos mais do que idéias, citações de textos e hipóteses.


Quanto à desencarnação de Kardec, o documento obtido pelos autores da Lachâtre foi enviado por Marie-Andrée Corcuff, permitam-me traduzir suas credenciais: Diretor dos Arquivos de Paris - Conservador do Patrimônio.


Nele está escrito que Alexandre Dellane, François Ernest Labbé (adjunto do prefeito) e Armand Théodore Desliens (Continuador da Revista Espírita) declararam seu óbito às duas da tarde em seu domicílio em Paris à Rue Ste. Anne 59, no dia 31 de março de 1869. A certidão foi lavrada no dia seguinte.

7.2.08

Divinópolis Inicia Oficina dos Sentimentos


O GEEC (Grupo de Estudos de Ética e Cidadania) em parceria com a SERES - Seara Espírita Reeducação dos Sentimentos convidam os interessados para participar da Oficina dos Sentimentos. Conheça mais sobre a atividade escrevendo para o site Panorama Espírita. http://www.panoramaespirita.com.br/


Denis e a Evolução

Foto 1: Capa da Edição Antiga da FEB da Obra Prima de Denis

Há alguns anos, Heloísa Pires nos encarregou de pesquisar na obra de Denis uma afirmação sobre a evolução, citada por Herculano e muito discutida pelos espíritas do nosso tempo.
A questão filosófica central, repousa na evolução do princípio espiritual proposto pelos espíritos com que dialogou Kardec nas obras da codificação. Na sua conclusão, Kardec argumenta de forma lúcida:
"Qual é a origem do Espírito? Onde está o seu ponto de partida? Forma-se do princípio inteligente individualizado? Eis um mistério que seria inútil tentar devassar e sobre o qual, como dissemos, só podemos construir sistemas." (comentário da questão 613)
Denis, escrevendo de forma poética, assim se refere à questão espiritual dos seres vivos:
"... Na planta a inteligência dormita; no animal sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; a partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas." (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, página 123, 11a. edição)


Presciência Divina e Livre Arbítrio

Uma questão geralmente apresentada ao pensamento espírita baseia-se em uma suposta contradição entre a capacidade atribuída a Deus de predizer o futuro e o livre-arbítrio dos homens, concedido por Ele em suas leis universais.


Léon Denis, espírita francês e discípulo de Kardec, manifesta-se sobre este ponto em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", recém republicado pela Federação Espírita Brasileira, da seguinte forma:


"Notemos que não é a previsão de nossos atos que os provoca. Se Deus não pudesse prever nossas resoluções, não deixariam elas, por isso, de seguir seu livre curso" (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, página 344, 11a. edição)



Aos Espíritas Portoriquenhos

Foto 1: Porto Rico


Habrá rumores

Siempre que una persona o grupo presenta públicamente nuevas ideas, corren rumores entre la gente.

Con el Espiritismo no podría ser diferente.

No importa la localidad o la cultura habrá siempre los que levantan la voz lanzando anatema, pero también surgirán siempre los que se identifican con la propuesta espiritista para el hombre y para la vida.

Si por ventura ocupas el puesto de pionero en tu familia, en tu grupo social o aun en tu ciudad, coragen, no te permitas abatirte delante de las dificultades que hacen parte de todo tipo de realización humana en el mundo. Acuérdate de tus conquistas personales y de todo que exigieron de ti antes.

Perseverancia, tolerancia y trabajo a los nuevos obreros de la verdad.

Psicografia intuitiva de Jáder Sampaio, el 26.01.2008, en la
Associação Espírita Célia Xavier, Belo Horizonte/Brasil
Traducción: Débora Zambalde Vitorino


Haverá rumores

Sempre que uma personalidade ou grupo vem a público apresentar idéias novas, geram-se rumores em meio ao povo.

Não seria diferente com o Espiritismo.

Não importa a localidade ou a cultura haverá sempre os que levantam a voz lançando anátema, mas também surgirão sempre os que se identificam com a proposta espírita para o homem e para a vida.

Se porventura você ocupa o posto de pioneiro em sua família, grupo social ou mesmo sua cidade, coragem, não se permita abater antes as dificuldades que fazem parte de todo tipo de realização humana no mundo. Recorde-se de suas conquistas pessoais e do que elas exigiram de você, antes.

Perseverança, tolerância e trabalho aos novos obreiros da verdade.

Psicografia intuitiva de Jáder Sampaio, em 26.01.2008, na Associação Espírita Célia Xavier.


Foto 2: Mapa e Localização de Porto Rico

31.1.08

Peça Força!


Autora: Jacqueline Benenati

Foto: Charles Silva Duarte


Uma das minhas maiores faltas através dos anos tem sido a falta de paciência. Eu consigo lembrar da minha infância, quando minha mãe me dizia que eu tinha que aprender a ser mais paciente. Na medida em que cresci, isto parecia ficar pior. Eu costumava pedir paciência a Deus e acontecia quase imediatamente alguma coisa para me testar. Então, um dia, eu tive uma revelação. Quando eu pedi por paciência, fui testada. Logo, eu parei de pedir. Como você pode pedir por algo e não querer ser testado? Agora, quando eu oro, eu peço a Deus para me dar força e coragem para passar por qualquer prova que me seja colocada em meu caminho.

Extraído do Boletim de Janeiro de 2008 da “The Spiritist Society of Florida”
Tradução: Jáder Sampaio

27.1.08

Mais um trabalho de Leandro Couto


NOVA ERA

A condição de nosso planeta vai melhorar e isto já está em processo. Alguns estudiosos, dentre vários campos do conhecimento humano, reuniram-se para esboçar o que achavam ser princípios de atitudes mais espiritualizadas e os compilaram num documento chamado Combinados. Antes, animada confraternização ocorria.
A geógrafa dialogava com o arte-educador:
― Na “nova” Terra os gigantes são outros. Vidas valem mais que diamantes, e a juventude é muito além de uma “banda numa propaganda de refrigerantes”.
O antropólogo comentava descontraído com o arqueólogo:
― Se o filho do Grande Chefe veio e bateram nele, o que dirá de nós em nossa caminhada terrena.
O biólogo e a paleontóloga, atentos, escutavam a afirmativa ponderada do historiador:
― A Vida evolui sobre o tempo, em “galhos frutíferos na árvore dos séculos”, como já disse André Luiz.
A socióloga falava ao pedagogo e à psicóloga:
― Somos crianças espirituais! Esta é a melhor categoria de análise que encontro para as sociedades de nosso globo.
Imediatamente próximos, o astrônomo e o geólogo, que mantinham tranqüila conversação sobre o tempo ser a dimensão espacial da eternidade, exprimiram com suave sorriso o deleite que sentiram com a resposta do pedagogo:
― Realmente, nosso planeta Terra é um Mundo-Escola e seu endereço é o Sistema Solar.
O economista expunha seu raciocínio ao interessado estatístico:
― O capitalismo conquista espaço através do consumismo quando muitas pessoas negligenciam o próprio cuidado mental e emocional. Vigiemos o nosso verdadeiro capital!
O jornalista dizia ao matemático:
― Felicidade compartilhada socialmente é felicidade multiplicada.
A afirmativa estimulou no “homem que calculava” um acréscimo amigável:
― E isto é exato!
A engenheira elétrica apresentava sua opinião ao inventor e ao arquiteto:
― É a ocasião de inventarmos uma lâmpada que funcione para sempre dentro de nós mesmos.
E o agrônomo compartilhava com o administrador o princípio que o orientava:
― Colhemos o que semeamos, como causa e efeito. Semeiam-se bons afetos, colhem-se bons afetos.
Não muito distante, o físico permutava opinião com o psicanalista amigo:
― Embora no plano físico não seja imediatamente nítido, nós permanecemos articulados às nossas próprias criações mentais, de modo que o pensamento se faz matéria.
O diálogo entre o teólogo e o músico seguia animado. Dizia o primeiro:
― Muitos são os caminhos que levam a Deus.
Ao que o segundo expôs sua opinião:
― Há vários, no entanto Jesus é o melhor diapasão que a humanidade recebeu.
― Inolvidável referência intelectual e moral, com certeza. O Cristo revela a vida como um conjunto de nobres preocupações da alma, a fim de que marchemos para Deus pelo raciocínio e pelo coração em caminhos retos.
Do diálogo entre a médica e o enfermeiro surgiu o seguinte comentário, não sendo possível precisar a autoria:
― Jesus é o médico. No máximo, somos enfermos cuidando de outros enfermos.
A professora formada em Letras dizia enfática ao biblioteconomista companheiro, extraindo-lhe sincero sorriso:
― Deus escreve certo por linhas certas e sua caligrafia é a mais linda que eu já li! Ele pinga todos os “i”s da escr“i”ta da v“i”da.
E em prosa vibrante, o jovem ator cênico falava a poetiza esboçando certo drama:
― Em certas ocasiões de nossa existência a vida se afigura à arte de fazer das tripas o coração.
Ao que ela respondeu:
― Em certas ocasiões sim, em outras não. ― E depois de breve pausa como se trabalhasse bem as palavras que ia proferir, disse: ― Mas, sempre o Amor fará da vida a arte do encontro, mesmo que sejamos cheios de desencontros.
Um escritor, amigo literato de idéias afins com a poetiza, completou-a com simplicidade esclarecendo ao jovem ator:
― A vida é o contexto do encontro de cada autor com sua obra. E do Criador com a criação, há Alguém nos esperando...
O filósofo, que observava a pouca distância esta conversação e, em geral, não gostava de ser superficial no conhecimento dos fatos e das coisas, escutava com dignidade e alma de menino aos colegas. Concluiu haver um Encontro Marcado e ponderou parecer-lhe que o livre-arbítrio consistia essencialmente em quando e como aceitar Deus.
Seu campo de visão alcançava também o jurista em diálogo empolgado com o cientista contábil:
― Nossa consciência é o verdadeiro tribunal divino, por isso a justiça indefectível nos acompanha em toda parte ― afiançou o jurista.
― Tudo vê, tudo ouve e tudo sabe ― validou o contabilista.
Por fim, o personagem “amigo da sabedoria” meditou, ao sobrevoar com o olhar o conclave científico do recinto, uma opinião própria que já trazia consigo de mais tempo. Eram muito evidentes os indícios da existência de uma inteligência que se manifesta no cosmos, na realidade e na vida. A cooperação, a bondade, a ordem e a organização que se explicitam em todas as coisas são tão grandes que chegam a constituir evidências ontológicas da existência de algo suprafísico. E disse a si mesmo com tom sereno na voz:
― No universo inteiro, tudo fala de Deus.

Espiritismo Comentado Chega à Marca dos 5000 Acessos


O Espiritismo Comentado chegou este mês na marca dos cinco mil acessos e ampliou os registros de países que lêem as matérias.
No último mês aportaram internautas dos seguintes países: Estados Unidos, Portugal, Áustria, Japão, Romênia, Reino Unido, Finlândia e França. Em novembro de 2007, além destes países acessaram leitores da Holanda, Moçambique, Canadá e Turquia.
Agradecemos ao site Blog de Espiritismo, de Portugal, a inserção do nosso "link". Parabéns às matérias que ele tem veiculado. http://blog-espiritismo.blogspot.com/
Agradecemos também às referências que a imprensa espírita brasileira tem feito de nossos trabalhos, especialmente o Correio Fraterno. Recebemos um incentivo entusiasta de uma radialista espírita que tem utilizado nossas matérias em seu programa, o que nos deixa muito satisfeitos, uma vez que o nosso objetivo é tornar conhecidos fatos e eventos do Espiritismo cada vez mais esquecidos e promover a literatura que consideramos de boa qualidade.

Um Romance com Personagens Bíblicos

Reler um livro vinte anos depois é como ler pela primeira vez. Tive em mãos a sétima edição de “O Alvorecer da Espiritualidade”, primeiro livro da série “Às Margens do Eufrates” e não resisti a fazer uma nova leitura.

O espírito que se identifica como Josepho seria o conhecido Flávio Josefo, escritor judeu-romano do século 1 DC? Independente da resposta à pergunta, o autor demonstra ter um grande conhecimento das tradições históricas e legendárias do antigo testamento.

A série é um relato de reencarnações de um mesmo espírito, o autor. Não sou capaz de dizer se se trata de uma estratégia literária ou se o autor pretende realmente fazer um relato memorialista das suas encarnações. A fragilidade documental da civilização hebraica, especialmente no período em que acontecem os eventos do primeiro livro da série, nos permitem dizer apenas que o autor parece conhecer os costumes hebraicos e a genealogia do livro do Gênesis.

Seu personagem central, Javan, mais que um representante de uma classe social ou homem de época, é um indivíduo diferenciado na tribo de Methusala (seria Matusalém, da Bíblia, como referencia Josepho?). Javan parece representar o espírita no mundo contemporâneo, de tendência espiritualista em meio a uma sociedade imediatista; romântico, em meio a pessoas sensualistas; com senso de dever e que toma decisões heróicas, pensando na comunidade e na vida após a morte antes dos interesses pessoais.

A cidade de Enoch, possivelmente a mesma que se diz no Gênesis Bíblico ter sido criada pelo filho de Caim, representa no contexto do livro a vida dirigida pelo poder, pela dominação e pelo sensualismo. Mesmo em Enoch, Javan encontra um patriarca que preza os valores e a tradição, Methusael, que convive com uma geração cainita dividida entre o poder dos guerreiros, simbolizados em Tidal e a teocracia dos sacerdotes de Baal.

Descendentes de Caim e de Seth se enfrentam no contexto do livro.

O autor espiritual e outros membros da equipe de Dolores Bacelar fazem inúmeras notas ao longo do texto e tecem explicações no contexto da ética espírita para muitos dos acontecimentos e decisões dos personagens.

A editora fez um excelente trabalho nas edições mais recentes. Ampliou os tipos, tornou a capa mais sugestiva, criou títulos para os capítulos, colocou as notas no rodapé das páginas, evitando que o leitor tenha que ir ao fim do livro para conhecer seu conteúdo, ampliou o tamanho das fontes facilitando a leitura e as limitações de leitores que, como eu, já passaram dos quarenta anos.

Apesar da profunda impressão que a leitura me causou, não me sinto informado o suficiente para a defesa do caráter histórico da narrativa, mas sem dúvida, seu caráter simbólico traz uma bela reflexão para a comunidade espírita, hoje.

No texto se encontram três ou quatro referências muito polêmicas: Capela, Lemúria, Atlântida e o dilúvio. O autor espiritual defende sua existência, embora relativize a questão do dilúvio, que aparenta ser regional. A referência aos avanços das sociedades atlantes e rutas (habitantes da Lemúria) são surpreendentes e causam estranheza, mas não chegam a comprometer o conjunto da obra.

Outra questão que apenas proponho, mas não tenho condições de desenvolver é se haveria uma influência do pensamento gnóstico no texto do autor espiritual.
Parece-me que conhecer e debater o conjunto da obra, que demonstra as muitas variações e possibilidades da faculdade mediúnica é uma tarefa importante para o movimento espírita, que ainda não lhe deu o devido valor.


13.1.08

O Livro Perdido de Damasceno Sobral

José Damasceno Sobral foi um dos expositores incansáveis do Grupo Emmanuel, que viajou pelo interior de Minas Gerais divulgando a doutrina até que o Mal de Parkinson limitasse seus trabalhos a um grupo familiar. Muito disciplinado e querido pelo movimento espírita mineiro, foi considerado um dos pioneiros do Espiritismo na terra das alterosas. Quem quiser conhecer mais de sua biografia, pode acessar o link http://www.uemmg.org.br/list.noticia.php/origem/1/noticia/151/titulo/Jose_Damasceno_Sobral

Eu o conheci nas viagens de divulgação da doutrina que fazia com papai (José Mário) e a amizade entre as famílias se perpetuou embora nos víssemos entre longos intervalos de tempo.Do seu grupo mediúnico, minha família recebeu as mensagens de papai cuja linguagem e análise de conteúdo mais revelam sua identidade pregressa.






Há anos guardo comigo um exemplar de seu livro de poesias, surpreendentemente desconhecido pela grande maioria do movimento espírita mineiro, dada a sua discrição. São versos livres, espirituais e psicológicos, no qual se revela sua sensibilidade e seus vôos espirituais a partir dos princípios espíritas.

Não são versos pobres ou ingênuos. A concepção do livro é moderna e o leitor tem sua atenção capturada pelas letras e imagens do poeta cristão-espírita. Os poemas, via de regra, iniciam-se no pé da primeira página e concluem-se no início do verso.

Os temas são diversos, mas a fonte de inspiração mais recorrente é a morte, ou melhor, a libertação do espírito após a morte e o conflito do homem que se divide entre a certeza da imortalidade e o sofrimento da perda. Sobral surpreende novamente quando trata de princípios e idéias doutrinárias com brevidade e consistência, sem perder a sensibilidade poética.

Algumas imagens são fortes, revelam sua personalidade ao mesmo tempo doce e determinada.

O livro foi prefaciado por César Burnier que lhe destaca o ponto de convergência entre a poesia e a filosofia e o papel demiúrgico da poesia e do poeta no mundo.

É muito difícil escolher um dos poemas para o leitor. Gostaria de deixar diversos deles (na verdade, eu gostaria mesmo é que o livro fosse reeditado, mas sei que a cada dia que passa a poesia tem menos lugar nas sociedades espíritas e o "mercado editorial" espírita decretou a morte comercial deste gênero literário), então deixo-lhe uma poesia sobre a poesia.

Eternidade da Poesia

A poesia não morre.

A poesia é o idioma das almas,

a tradução dos sentimentos

que ainda poucos homens entenderam.

Evoluindo,

ela se transforma

de trivial em filosófica,

de filosófica em transcendental.

A poesia não morre.

O homem,

na embriaguez da matéria,

é que morreu para a poesia.






8.1.08

Léon Denis e Lepoldo Cirne

Leopoldo Cirne foi o presidente da Federação Espírita Brasileira que sucedeu a Bezerra de Menezes, no período de 1900 a 1914. Ele consolidou a instituição, inaugurando a sede própria da Avenida Passos 30, na cidade do Rio de Janeiro, em 1911.
Zêus Wantuil transcreveu o artigo publicado em "O Paiz", o jornal democrático do Rio à época, reconhecendo o papel social do movimento espírita:
"Não é uma inauguração vulgar, de um edifício que interessa apenas à associação a que pertence; ela resume, na pedra e na argamassa do amplo edifício erigido naquela avenida, uma obra generosa de fé e de assistência, que tem se estendido beneficente sobre uma grande parte da população desta terra. A nova sede da Federação Espírita Brasileira tem, considerada no seu ponto de vista particular, o valor, já hoje raro, de exprimir uma dedicação extraordinária dos homens agremiados naquele centro de atividades, dedicação praticada em uma quase penumbra, sem alarde, sem benemerências conclamadas, sem nomes postos em foco, com a modéstia efetiva dos crentes sinceros e dos generosos por dever; em cada pedra, em cada bocado de argamassa da sua construção, há um pouco de coração e de consciência dominados por um alto sentimento e um sugestivo dever."

(Grandes Espíritas do Brasil, Zêus Wantuil, FEB, 1981, 2a. Edição)


Figura 1: Foto recente da fachada da antiga sede da Federação Espírita Brasileira, feita por André Cláudio V. C. de Mendonça em 2006 (http://www.pbase.com/andremendonca/image/62612683)



Há alguns anos, foi encontrada a foto abaixo em meio à biblioteca do Sr. Aurélio Valente, doada à Associação Espírita Célia Xavier após o seu retorno à pátria espiritual. Ela mostra a relação existente entre o Espiritismo Brasileiro e o Francês, na pessoa de Léon Denis, àquela época.



Figura 1: Foto de Léon Denis




Figura 2: Verso da foto acima onde se lê (em francês): Ao Sr. Leopoldo Cirne, lembrança fraternal. Léon Denis. 20/5/99 (1899)

7.1.08

A Psicografia de Stainton Moses

Figura 1: Foto de Stainton Moses


Stainton Moses, médium espiritualista inglês, escreveu sobre sua própria mediunidade em 1883:

"É interessante saber se os meus próprios pensamentos exerceram uma influência qualquer nos assuntos tratados nos ditados, apesar de ter tomado as maiores precauções para que esse fato não acontecesse. Ao começo, a escrita era lenta, sendo eu obrigado a segui-la com os olhos, mas, mesmo nesse caso, as idéias não eram minhas. De fato, as comunicações tomaram logo um caráter sobre o qual não podia eu ter dúvidas, pois que as opiniões emitidas eram contrárias ao meu modo de pensar. Distraía-me propositadamente durante o tempo em que a escrita se produzia, e cheguei a abstrair-me na leitura de um livro e a seguir um raciocínio cerrado, enquanto a minha mão escrevia com constante regularidade. As comunicações assim dadas enchiam inúmeras páginas, sem haver correção nem faltas de composição, revelando muitas vezes um estilo belo e vigoroso. "

(Extraído de "Ensinos Espiritualistas", W. Stainton Moses, FEB, 1981)